11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

MORCEGOS, AGROTOXICOS E RADICAIS LIVRES: O EFEITO DO INSETICIDA CLORPIRIFOS SOBRE O EQUILIBRIO ANTIOXIDANTE DE MORCEGOS FRUGIVOROS

Resumo:

Morcegos frugívoros desempenham diversos serviços ecossistêmicos aonde se destacam a dispersão de sementes e polinização. Entretanto, seu hábito alimentar e a grande mobilidade espacial fazem com que eles também entrem em contato com culturas agrícolas tratadas com pesticidas. O Brasil se destaca no cenário internacional como um dos maiores consumidores de agrotóxicos no mundo, e dentro do seu mercado o inseticida clorpirifós se posiciona como um dos mais utilizados. Estudos anteriores já apontaram que esse pesticida possui efeitos como disrupção endócrina, toxicidade reprodutiva, carcinogênese e desequilíbrio oxidativo de organismos não-alvo. Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos de concentrações ambientalmente relevantes do clorpirifós sobre a capacidade antioxidante no tecido hepático e cardíaco de morcegos Artibeus lituratus. Machos adultos foram coletados com redes de neblina e divididos em dois grupos: grupo controle (CT) (n = 7), alimentados com frutos sem tratamento; grupo CL (n = 8), alimentados com frutos tratados com clorpirifós a 15ml/L (dose comercial), ambos por 14 dias. Em seguida ao tratamento os animais foram eutanasiados por decapitação e pesados. O fígado e coração foram coletados, homogeneizados, centrifugados e o homogenato resultante foi utilizado para mensurar a atividade das enzimas antioxidantes Superóxido dismutase (SOD), Catalase (CAT), e quantificar os marcadores de estresse oxidativo malondialdeído (MDA), proteínas carboniladas (PC) e óxido nítrico (NO). Dentre os parâmetros observados foi visto um aumento da atividade da enzima SOD no fígado dos animais tratados quando comparados aos do grupo controle. Esse resultado indica um possível aumento do radical livre superóxido que estimulou o tecido hepático dos animais a produzirem essa enzima na tentativa de atenuar os possíveis efeitos danosos que esse radical livre pode causar. Os demais parâmetros se mantiveram inalterados possivelmente por conta da exposição crônica de duas semanas que permitiu ao organismo dos animais se adaptarem ao desequilíbrio causado pelo clorpirifós. O resultado indica que esse inseticida é capaz de causar desequilíbrio na capacidade antioxidante de Artibeus lituratus e que o uso do mesmo pode afetar de forma negativa o estado de conservação dessa espécie e de demais morcegos com hábito alimentar semelhante.
Palavras chave: clorpirifós, quirópteros, sistema antioxidante

Financiamento:

FAPEMIG, CAPES, CNPQ

Área

Fisiologia

Autores

Pedro Henrique Costa Neves, Ana Luiza Fonseca Destro, Mariella Bontempo Freitas, Kemilli Pio Gregório, Adriana Duarte Torres, Matheus Gonçalves Canal