11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

DISTRIBUIÇAO POTENCIAL DE LUTREOLINA CRASSICAUDATA (DESMAREST, 1804) NA ILHA DE SANTA CATARINA

Resumo:

A redução de áreas naturais causadas pela ação antrópica tem como consequência uma grande perda na biodiversidade, sendo um dos principais fatores de pressão e ameaça ao bioma Mata Atlântica. Nesse quadro geral de degradação, estudos envolvendo mamíferos são de extrema importância, uma vez que são considerados bons indicadores do estado de conservação ambiental, envolvendo-se nos mais distintos processos ecológicos, entre eles, o controle populacional de suas presas e a constante regeneração das matas. A utilização da técnica de Modelos de Distribuição de Espécies (MDEs) vem sendo amplamente utilizada nos estudos científicos, pois permite a representação de regiões com condições climáticas e ambientais ideais para a ocorrência potencial de uma dada espécie. Aqui, selecionamos a espécie Lutreolina crassicaudata, um Didelphidae que possui comportamento pouco conhecido, porém sabe-se que apresenta estreita relação com ambientes de várzeas, locais não reconhecidos como habitats de possíveis endemismos ou mesmo importantes para a conservação de certas espécies de vertebrados. Neste estudo, analisamos a distribuição potencial de L. crassicaudata para o cenário climático atual na região de Mata Atlântica da Ilha de Santa Catarina (ISC). Utilizamos dados de ocorrência da espécie na ISC (n=21) associados a quatro variáveis bioclimáticas extraídas do Worldclim. A partir dos modelos gerados, visualizamos e avaliamos as áreas com maior adequabilidade para a ocorrência da espécie na ISC, correlacionando-as com as Unidades de Conservação (UCs), a fim de analisar o quanto de áreas protegidas atualmente abrigam regiões potenciais para a ocorrência da espécie. Nossos resultados preveem que a distribuição potencial da espécie na ISC é de 101,16 km², o que corresponde a 24% do território insular. Contudo, L. crassicaudata apresenta somente 11.18% de áreas adequadas em UCs, o que corresponde a 11,31 km², sendo distribuídos: 82% em UCs Federais; 4,91% Municipais; e 3.75% Estaduais. Esses resultados sugerem que, em relação às áreas estáveis de adequabilidade climática, o atual sistema de UCs na ISC é insuficiente para L. crassicaudata, uma vez que esta espécie encontra-se protegida em apenas 11.18% de sua área de distribuição potencial no presente. Sendo uma espécie em estado vulnerável na região estudada e que está associada a ambientes lênticos que são pouco protegidos por UCs, se fazem necessárias discussões sobre estratégias de conservação da espécie, de acordo com suas áreas potenciais. Manter as condições climáticas adequadas para a persistência deste marsupial e da biodiversidade associada também são pontos que devem ser discutidos. Nosso estudo também contribui no direcionamento e indicação de áreas de potencial soltura com fins de conservação de indivíduos resgatados e/ou reabilitados. Para ampliar as estratégias de conservação de espécies ameaçadas, os estudos de distribuição potenciais tornam-se indispensáveis para aumentar o embasamento científico em decisões de manejo.

Palavras-chave: Adequabilidade, conservação, marsupial, Mata Atlântica, modelagem.

Financiamento:

Houve apoio logístico e de equipamentos de campo por parte do Projeto Fauna Floripa, parceria entre a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (FLORAM), o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA-SC) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Paula Ribeiro-Souza é apoiada por uma bolsa de doutorado (n° 88887.519051/2020-00) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Área

Ecologia

Autores

Ângela Cardoso, Barbara Lima-Silva, Bruna Nunes Krobel, Camila Rezende Ayroza, Vanessa Tavares Kanaan, Paula Ribeiro-Souza, Maurício Eduardo Graipel, José Salatiel Rodrigues Pires