Dados do Trabalho

Título:

ANALISE DE DISTRIBUIÇAO POTENCIAL DE LEOPARDUS GUTTULUS (HENSEL, 1872) EM SANTA CATARINA E NO PARQUE NACIONAL DE SAO JOAQUIM

Resumo:

Os modelos de distribuição de espécies (MDEs) vem sendo utilizados para indicar áreas mais adequadas para a conservação de espécies, possibilitando-nos estimar o quanto as Unidades de Conservação (UCs) estão abrigando e protegendo-as de fato. Leopardus guttulus é a menor espécie de felino brasileiro, classificado como vulnerável a nível global e nacional. Sua distribuição ocorre da região sul até o centro-oeste do Brasil, e regiões da Argentina e do Paraguai. Analisamos a distribuição potencial de L. guttulus, com base em variáveis bioclimáticas e topográficas no estado de Santa Catarina (SC). Utilizamos 131 dados de ocorrência da espécie, e quantificamos a contribuição do Parque Nacional de São Joaquim (PNSJ) para a preservação de L. guttulus. Para a elaboração dos modelos topográficos fizemos uma GLM com buffers de 2 e 5km. O MDE bioclimático foi feito através do software MaxEnt. Comparamos o MDE com o mapa de fitofisionomia de SC para verificar o tipo vegetacional mais presente na distribuição potencial da espécie. Nos modelos topográficos observamos que as variáveis que melhor explicam a presença da espécie são maiores quantidades de Florestas nativas e maiores Altitudes. Floresta nativa teve uma relação significativa com a presença da espécie com o p<0,0001 (buffers 2km) e p< 0,001 (buffers 5km), enquanto a Altitude demonstrou ser significativa no modelo de 2km (p= 0,037) e marginalmente significativa no de 5km (p=0,09). Isso corrobora com o esperado já que é conhecimento comum a espécie ser prioritariamente florestal com registros de até 2000m de altitude. O SC é coberto pela Mata Atlântica (MA) e abriga altas densidades da espécie, sugerindo possuir áreas mais adequadas de distribuição potencial. Contudo, a quantidade de área adequada foi de apenas 9,4% (8946 km²). Considerando o mapa da IUCN, SC representa 4,5% da distribuição de L. guttulus (que é > 2,1mi Km²), sendo apenas 0,42% de áreas adequadas climaticamente. Já, dentro dos limites da MA, SC representa 7,6% da distribuição da espécie, sendo apenas 0,71% de áreas adequadas. Esses resultados sugerem que apesar da espécie possuir ampla distribuição, o tipo de habitat climaticamente adequado é muitas vezes inferior, sendo ~10 vezes menor que a área total do estado. Já o PNSJ abriga 5,2% (469,1 km²) de toda a área adequada para a espécie no estado. Se considerarmos a zona de amortecimento (ZA), esse valor fica em 8,3% (739,1 km²). Observamos também que 94,4% do PNSJ contém áreas adequadas e 83,3% quando contabilizado com a ZA. As florestas nebulares (80,6%) e de faxinais (35,7%) foram as fitofisionomias que apresentaram as maiores áreas climaticamente adequadas para L. guttulus. O PNSJ abrange ambas as fitofisionomias (19,9% de floresta nebular e 0,7% de faxinais) sendo que, 96,9% das florestas nebulares e 100% das florestas de faxinais, presentes no parque, foram consideradas áreas adequadas para a espécie. Considerando SC um dos estados mais importantes para a conservação de L. guttulus, possivelmente o PNSJ está entre as UCs mais importantes para conservação da espécie, se não o mais importante. Afinal, os limites do parque possuem, quase em sua totalidade, áreas adequadas para a espécie em termos climáticos.

Palavras chave: adequabilidade; armadilhas fotográficas; bioclimática; Fitofisionomia; MDE;

Financiamento:

Houve apoio logístico e de equipamentos de campo por parte do Programa Ecológico de Longa Duração de Santa Catarina/PELD BISC financiado pelo CNPq (Chamada CNPq/Capes/FAPs/BC-Fundo Newton/PELD nº 15/2016, Chamada CNPq/MCTI/CONFAP-FAPS/PELD no 21/2020) e FAPESC (FAPESC 2018TR0928; FAPESC 2021TR386).
Paula Danyelle Ribeiro de Souza é apoiada por uma bolsa de doutorado (n° 88887.519051/2020-00) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Área

Ecologia