11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

IDENTIFICAÇAO DE GENEROS DE MORCEGOS NECTARIVOROS DA SUBFAMILIA LONCHOPHYLLINAE (CHIROPTERA: PHYLLOSTOMIDAE) EM CAMPO

Resumo:

A subfamília Lonchophyllinar é composta por cinco gêneros, sendo três monotípicos (Lionycteris, Platalina e Xeronycteris) e dois politípicos (Lonchophylla, 13 spp. e Hsunycteris, 4 spp.). No Brasil, a subfamília Lonchophyllinae está representada por quatro gêneros e nove espécies, o que corresponde a quase metade da diversidade específica conhecida para a subfamília.
Lonchophylla e Xeronycteris são predominantemente (mas não exclusivamente) de ocorrência no Cerrado e na Caatinga. Hsunycteris e Lionycteris são predominantemente (mas não exclusivamente) de ocorrência no Bioma amazônico, com a particularidade de Lionycteris ser relativamente raro em coleções. Platalina não ocorre no Brasil, apresentando distribuição restrita ao Peru e norte do Chile.
Os desafios na identificação dos indivíduos e espécimes devido à semelhança na morfologia externa e as incertezas taxonômicas deste grupo contribuem para um cenário de muitas dúvidas na identificação dos indivíduos capturados e, consequentemente, grande potencial para subestimarmos a diversidade conhecida para o grupo. A análise comparativa destes gêneros por meio de estudos de variação morfológica tem o objetivo de facilitar entendimento das diferenças morfológicas entre os morcegos loncofilineos de ocorrência no Brasil, visando minimizar erros de identificação futuros. Neste estudo, examinamos 580 exemplares de Hsunycteris (n = 59), Lionycteris (n = 38), Lonchophylla (n = 431) e Xeronycteris (n = 52) e, como resultado, confirmamos Hsunycteris e Lionycteris como os gêneros de menor porte, alta sobreposição nas medidas cranianas e comprimento do antebraço e, no entanto, podem ser facilmente distinguidas entre si pelo padrão alar dos metacarpos, em que Lionycteris apresenta medidas dos metacarpos decrescentes (MIII > MIV > MV) enquanto em Hsunycteris, o quarto e quinto metacarpos apresentam tamanho similar (MIII > MIV = MV). A maior parte das espécies brasileiras de Lonchophylla apresentam-se majoritariamente como espécies de porte médio, enquanto Xeronycteris se confirma como como gênero de maior porte acompanhado da espécie Lonchophylla bokermanni. Estes dois últimos gêneros também são distinguidos entre si por medidas alares e caracteres externos de fácil visualização. Para morcegos, o tamanho de antebraço é a principal medida biométrica utilizada em conjunto com caracteres qualitativos na identificação inicial de indivíduos capturados em campo. Naturalmente, para diversos grupos de morcegos, o emprego de apenas esses aspectos morfológicos não é suficiente para uma
identificação precisa, de forma que é necessária a preparação dos indivíduos em laboratório para exame craniano e confirmação da identificação de campo. No caso de morcegos da subfamília Lonchophyllinae, os resultados apresentados mostram que é possível distinguir os indivíduos ao nível de gênero mesmo para espécies com sobreposição de antebraço ou medidas cranianas, pela adição de caracteres mensuráveis usualmente negligenciadas, como medidas alares adicionais ao antebraço, tornando possível a correta identificação do gênero mesmo em situações de campo ou com limitação/impedimento na coleta de espécimes mesmo por pesquisadores e/ou consultores júnior, porém atentos. Dessa forma, previne-se uma série de erros em cascata tanto em relatórios de consultoria ambiental, como na organização dos materiais depositados nas coleções.

Financiamento:

CNPq, CAPES, Facepe

Área

Sistemática e Taxonomia

Autores

Patricia pilatti, Diego Astua, Ricardo Moratelli