11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

CLIMA, FLORESTAS E UNIDADES DE CONSERVAÇAO: UMA ILHA ADEQUADA PARA REINTRODUÇAO DE ALOUATTA GUARIBA CLAMITANS

Resumo:

A perda de interações ecológicas devido à defaunação leva ao comprometimento de funções ecossistêmicas. A Ilha de Santa Catarina (ISC) representa um exemplo desse processo, onde diferentes níveis tróficos foram afetados, incluindo a extinção do bugio Alouatta guariba clamitans, um herbívoro arborícola de grande porte. Essa espécie foi extirpada da ISC e os últimos relatos sobre sua presença na região datam de 150 anos atrás. Buscando o reestabelecimento de funções ecossistêmicas, a reintrodução de espécies tem se tornado uma importante ferramenta para a biologia da conservação. Para que o processo de reintrodução ocorra de forma assertiva, um dos primeiros passos são as análises e construção de mapas de potencial distribuição a partir de variáveis bióticas e abióticas relacionadas com a biologia da espécie. Neste sentido, o estudo buscou compreender os locais mais adequados com base em variáveis climáticas para a reintrodução do bugio na ISC. Utilizamos 678 registros de presença da espécie coletados entre 1964 e 2021 disponíveis na literatura. Para elaboração dos modelos climáticos, consideramos o limite expandido da Mata Atlântica e foram selecionadas quatro variáveis bioclimáticas (Worldclim v.2) com Fator de Inflação de Variância menor que 2.0. Os modelos foram gerados por meio da abordagem Ensemble forecasting usando os algoritmos mda (análise discriminante múltipla), Random Forest e o MaxEnt. Optamos por usar o threshold máximo para selecionar as áreas com alta adequabilidade climática. Posteriormente, selecionamos apenas áreas climaticamente adequadas onde havia presença de floresta. Segundo nossos resultados, a área climaticamente adequada para Alouatta guariba clamitans é de 162,97 km², sendo 96,73 km² (59%) contemplados por Unidades de Conservação (UCs). Após aproximadamente 60 anos de recuperação florestal, bem como o conhecimento aqui exposto sobre áreas climaticamente adequadas protegidas em mais da metade por UCs, a ISC parece apresentar condições para o reestabelecimento de populações como as de bugios. Recentemente foi criada a maior unidade de conservação da ISC, o Refúgio Municipal da Vida Silvestre Meiembipe (REVIS Meiembipe) que possui 59,72 km² Vizinho ao Parque Estadual do Rio Vermelho, uma unidade de conservação de proteção integral, com área de 1.532 hectares, tem uma grande área protegida, climaticamente adequada para espécie e local de possível reintrodução de A. guariba clamitans. No entanto, visto a matriz urbana possivelmente impermeável para uma espécie arborícola, é importante estabelecer conectividade entre os remanescentes florestais. Essa estratégia irá minimizar impactos como atropelamentos, ataques de animais domésticos, dentre outros, pois, sabe-se que os bugios descem ao solo para explorar novas áreas e acabam morrendo devido à falta de conexão entre os remanescentes florestais. Passa faunas aéreos também seriam importantes para estabelecer essa conexão. Com isso, todas essas medidas de mitigação contribuem para a conservação da espécie. Concluímos que este estudo pioneiro trouxe conhecimentos indispensáveis para que o processo de reintrodução de A. guariba clamitans, uma espécie com papel importante em ambientes florestais, seja desenvolvido. Além disso, este estudo incluirá variáveis de paisagem em futuras análises, visto que são necessárias para entender melhor áreas adequadas para a espécie estudada.


Áreas adequadas, Ambiente florestais, Conservação, Interações ecológicas, Reintrodução

Financiamento:

Área

Conservação

Autores

Luana Paula Reis Lucero , William Padilha Lemes , Paula Ribeiro Souza , Barbara Lima Silva , Maurício Eduardo Graipel, Bruna Nunes Krobel, Vanessa Tavares Kanaan, José Salatiel Rodrigues Pires