Dados do Trabalho

Título:

USO DE PASSAGENS INFERIORES POR MAMIFEROS DE MEDIO E GRANDE PORTE EM UMA RODOVIA DO INTERIOR DE SAO PAULO

Resumo:

Projetos de infraestrutura linear estão entre os mais graves impactos causados pelo homem em paisagens naturais, sendo um problema global que tem enormes implicações para o meio ambiente. Para a fauna silvestre, os efeitos das rodovias e do tráfego variam desde perda de habitat, redução da qualidade do habitat em uma zona adjacente à rodovia (por exemplo, ruído, luzes, poluição, distúrbios visuais), efeito de barreira, incluindo interrupção da migração e dispersão, e mortalidade direta por colisões com veículos. Dentre os grupos afetados encontram-se os mamíferos de médio e grande porte, que além do importante papel ecológico, podem causar graves colisões com os usuários, colocando em risco a segurança humana e gerar perdas econômicas. Desta forma, se faz importante o estudo dos padrões espaciais e temporais dos atropelamentos, bem como o monitoramento das medidas de mitigação que objetivam reduzir o número de atropelamentos e incrementar a conectividade em paisagens cortadas pelas rodovias. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar o uso passagens inferiores de fauna (PIFs) pela mastofauna. Para isso, 18 PIFs foram monitoradas por armadilhamento fotográfico na rodovia SP-225, concedida para a Concessionária EIXO [SP], nos municípios de Brotas e Itirapina, região centro-oeste do Estado de São Paulo. A amostragem foi realizada ininterruptamente de setembro de 2020 a abril de 2022 (18 meses), totalizando um esforço amostral de 228.720 câmeras/dia. Para cada PIF foi calculado o índice de uso (relação de número de travessias por dias monitorados). As travessias dos animais foram classificadas como completas quando a espécie é registrada entrando na passagem e os vídeos posteriores não evidenciam seu retorno, incompletas quando é possível identificar que o animal se aproxima mas desiste de utilizar a passagem e desconhecida não foi possível identificar se o animal atravessou a passagem. Foram identificadas um total de 27 espécies de mamíferos silvestres, sendo 26 de médio e grande porte e uma de pequeno porte, além de outras quatro espécies domésticas. Destas, seis encontram-se ameaças de extinção em algum grau, a jaguatirica (Leopardus pardalis), onça-parda (Puma concolor), gato-mourisco (Herpailurus yagouarundi), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), tapiti (Sylvilagus tapetillus) e lontra (Lontra longicaudis). No total, foram registradas 3.695 travessias de animais, sendo que 76,28% do total, foram consideradas travessias completas, 18,51% desconhecidas e 5,21% como incompletas. Das espécies registradas, a paca (Cuniculus paca) é que a mais utiliza as PIFs com 411 registros de travessias completas, seguidas do tatu-galinha (Dasypus novemcinctus) com 280 e da capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) com 198. De maneira geral os mamíferos utilizam as passagens inferiores mais no período noturno com 67% do total das travessias registradas. Três PIFs são responsáveis por 55% das travessias completas, estas estão localizadas em ambientes com fragmentos florestais em ambos os lados da rodovia, cercados de matrizes agrícolas e próximo cerca de 200 metros de um banhado, indicando que a paisagem pode ter influência sobre o uso das passagens de fauna.
Palavras-chave: medidas de mitigação; segurança viária; mastofauna.

Financiamento:

Área

Ecologia