11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

INTERAÇAO ESPACIAL E TEMPORAL DE GRANDES FELINOS E SUAS PRESAS NO ALTO RIO PARANA

Resumo:

Espécies simpátricas e da mesma guilda podem apresentar variação no uso dos recursos, do espaço ou do tempo, facilitando a sua coexistência. Onças-pintadas (Panthera onca) e onças-pardas (Puma concolor) são simpátricas onde ainda há ocorrência da primeira. Em diferentes áreas estas espécies apresentam interações espaciais e temporais que variam entre si e com suas presas. Avaliamos estes padrões e a coocorrência entre os dois predadores e entre estes e oito presas potenciais (Myrmecophaga tridactyla, Hydrochoerus hydrochaeris, Pecari tajacu, Tayassu pecari, Dasypus novencinctus, Tapirus terrestris, Cerdocyon thous e Bos taurus). Os registros, 200 de predadores e 874 de presas, foram coletados usando 3,480 armadilhas fotográficas/dia em três períodos amostrais incluindo estação seca e chuvosa, no Parque Estadual Várzeas do Rio Ivinhema, Mato Grosso do Sul, no limite oeste da Mata Atlântica. Não foram encontradas diferenças sazonais nos padrões de atividade das espécies. Os predadores apresentaram alta sobreposição de atividade, embora onças-pintadas sejam predominantemente noturnas e onças-pardas possam estar ativas ao longo das 24h do dia. Houve também alta sobreposição temporal entre predadores e presas. O intervalo de tempo esperado para a passagem dos dois predadores no mesmo local foi significativamente inferior ao intervalo de tempo observado, demonstrando a existência de segregação espaciotemporal. Os modelos de coocorrência não revelaram dominância da onça-pintada sobre a onça-parda, ou dos dois predadores sobre suas presas potenciais, com todas as espécies apresentando elevada probabilidade de ocupação de sítios na região. Sem segregação temporal ou espacial significativas entre onça-pintada e onça-parda, a segregação espaciotemporal em uma escala mais fina, ou seja, ocupando os mesmos sítios, mas não simultaneamente e, possivelmente, a alta disponibilidade de presas, parecem possibilitar a coexistência dos predadores no Alto Rio Paraná.

Palavras-chave: armadilhas fotográficas, interação predador-presa, Mata Atlântica, modelo de coocorrência, padrão de atividade, Panthera onca, Puma concolor.

Financiamento:

Área

Ecologia

Autores

Dênis Alessio Sana, Maria João Ramos Pereira, Fernando Lima, Laury Cullen Jr, Eduardo Eizirik, Thales Renato de Freitas