Dados do Trabalho

Título:

ESTEREOFOTOGRAMETRIA: DA SALVAGUARDA A ANALISE REMOTA DE ESPECIMES-TIPO

Resumo:

O Setor de Mastozoologia do Museu Nacional/UFRJ abriga a maior coleção científica da América do Sul, com mais de 90 mil espécimes catalogados. Os princípios que norteiam a curadoria de coleções envolvem organização e a preservação permanente de material biológico, acessibilidade a esse material e à informação associada. Assim, métodos de digitalização do acervo, como a estereofotogrametria – técnica que visa construir modelos tridimensionais a partir de pontos de uma série de fotografias de um objeto – tornam-se essenciais para a perpetuação da informação contida nas coleções. Este trabalho tem como objetivo salvaguardar a informação relativa aos crânios do acervo de tipos da Coleção de Mamíferos do Museu Nacional/UFRJ em modelos tridimensionais e, assim, viabilizar estudos morfológicos remotos a partir da disponibilização destes modelos. A estereofotogrametria digital foi o método utilizado para a construção dos modelos tridimensionais, a partir de fotografias digitais. Para isso, foram tomadas fotos dos crânios de espécimes-tipo (holótipo, lectótipo e neótipo). O crânio foi posicionado em uma mesa giratória com uma imagem de escala ao fundo. A câmera foi posicionada em três ângulos (10°, 25° e 50°) para fotografar a superfície ventral e dois ângulos (25° e 50°) a superfície dorsal. Em cada ângulo foram tomadas 30 fotografias, totalizando 90 fotos para a posição ventral e 60 para a dorsal. As fotos foram obtidas no modo “empilhamento de foco”, que combina várias imagens com diferentes distâncias focais em uma única imagem totalmente em foco. Foram utilizados uma câmera Olympus E-M5 Mark II com objetiva M.Zuiko Digital ED 30mm F3.5 Macro, o software Python e um mini controlador Arduino. Esses dois últimos foram desenvolvidos no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) para automatizar a obtenção de fotos. As imagens foram processadas pelo programa Agisoft Photoscan Professional 1.4.3© seguindo cinco etapas: alinhamento de fotos, criação de barra de escala, construção de nuvem densa, construção de malha e por fim, a adição de textura. Foram tomadas as principais medidas cranianas padrão para cada grupo, tanto manualmente quanto através do programa Agisoft. A coleção de tipos dispõe de 91 espécimes-tipo (holótipo, lectótipo e neótipo) com crânio. Destes, 22 espécimes foram fotografados e tiveram os modelos 3D do crânio (com escala) criados. Os espécimes estão distribuídos em quatro ordens e nove famílias, sendo: Didelphimorphia com Didelphidae (n=1); Primates com Cebidae (n=2) e Pitheciidae (n=1); Rodentia com Caviidae (n=1), Echimyidae (n=5), Erethizontidae (n=1), Cricetidae (n=9) e Sciuridae (n=1); e Chiroptera com Molossidae (n=1). O trabalho segue com a tomada de fotografias dos espécimes-tipo e criação dos modelos tridimensionais. O próximo passo será comparar estatisticamente as medidas tomadas manualmente e digitalmente para avaliar a fidelidade dos modelos e, assim, tornar possível seu uso em estudos taxonômicos, morfológicos e seus desdobramentos. Esse trabalho já providenciou a salvaguarda da informação tridimensional dos crânios de 22 espécimes-tipo de mamíferos de uma das principais coleções. Além disso, permitirá que profissionais não necessitem se deslocar até o Museu Nacional para comparar seu material com os espécimes-tipo depositados nesta coleção. digitalização, Museu Nacional, mamíferos, modelo 3D, coleções zoológicas

Financiamento:

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ.

Área

Sistemática e Taxonomia