11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

LEVANTAMENTO PRELIMINAR DE PEQUENOS MAMIFEROS NAO-VOADORES DO MUNICIPIO DE BANABUIU, SERTAO CENTRAL DO CEARA, ATRAVES DE ANALISE DE EGAGROPILOS DE CORUJA-DE-IGREJA TYTO FURCATA (TEMMINCK, 1827).

Resumo:

Dentre as 770 espécies de mamíferos silvestres catalogadas no Brasil, Chiroptera e Rodentia figuram não só como os grupos mais especiosos, como também os mais abundantes, ao lado de Didelphimorphia. Devido ao pequeno porte da quase totalidade das espécies, hábitos geralmente noturnos e comportamentos elusivos, o uso de armadilhas de contenção é prática geralmente obrigatória para garantir não só o registro como uma identificação taxonômica adequada. Taxas de captura são frequentemente muito baixas e, por esse motivo, a amostragem desses animais requer alto esforço amostral, aumentando custos. Portanto, metodologias complementares são importantes para enriquecer inventários e análises ecológicas. Embora ainda pouco utilizadas, análises de egagrópilos (pelotas) de coruja têm alcançado excelentes resultados para esses fins, inclusive para o registro de espécies raras ou de difícil captura em armadilhas. Isso é requerido de forma mais latente em áreas mal amostradas e com pouco recurso estrutural disponível para coletas zoológicas, como a região do Sertão Central do Ceará, uma das maiores lacunas amostrais do Nordeste brasileiro. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento prévio dos pequenos mamíferos não-voadores do município de Banabuiú, Sertão Central do Ceará, através de egagrópilos de coruja. Em março de 2022, foram coletados os egagrópilos de Tyto furcata encontrados em uma edificação abandonada na zona rural do município, circundada por vegetação de Caatinga arbórea e arbustiva. As amostras foram processadas para limpeza e triagem. Os pequenos mamíferos foram isolados e identificados pela morfologia craniana e maxilar, em comparação com a literatura científica e espécimes depositados no Museu de História Natural do Ceará Prof. Dias da Rocha (MHNCE). Foram isolados do amontoado de amostras, no mínimo, 290 indivíduos de pequenos mamíferos não-voadores presentes na amostra. Ao todo, oito espécies foram inventariadas, sendo seis roedores pertencentes às famílias Cricetidae (n = 3 spp.), Echimyidae (1 sp.), Caviidae (1 sp.) e Muridae (1 sp.) e dois marsupiais da família Didelphidae. Wiedomys cerradensis é a espécie mais abundante com 151 indivíduos (52,06%), seguida por Thrichomys laurentius (n = 47 individuos; 16,20 %), Holochilus sp. (17 indiv.; 5,86%), Gracilinanus agilis (15 indiv.; 5,17 %), Monodelphis domestica (12 indiv.; 4,13%), Galea spixii (11 indiv.; 3,79 %), Rattus sp. (6 indiv.; 2,06%) e Cerradomys langguthi (3 indiv.; 1,03%). A riqueza aqui documentada é similar ou até superior à encontrada em outros estudos desenvolvidos no Ceará e em outras regiões de Caatinga, embora seja menor do que aquela inventariada em áreas protegidas ou complexos fitofisionômicos, como os brejos de altitude. Em relação à abundância, resultados semelhantes só são encontrados em monitoramentos de longa duração, situação pontual para esse grupo no Nordeste brasileiro. Nossos resultados demonstram que o uso de pelotas de coruja é uma ferramenta de baixo custo e com alta eficácia para suprir lacunas amostrais. Análises ecológicas a partir de um monitoramento contínuo já estão em curso para garantir respostas mais complexas sobre a dinâmica populacional dos pequenos mamíferos do Sertão Central.

Palavras chave: Caatinga; Ecologia; Inventário; Lacunas amostrais; Métodos e técnicas.

Financiamento:

Área

Inventário de espécies

Autores

Ana Clarissa Costa Nobre, Aldo Caccavo, Hugo Fernandes-Ferreira