11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

DISTRIBUIÇAO POTENCIAL DE TAMANDUA TETRADACTYLA E VARIAVEIS AMBIENTAIS QUE CONTRIBUEM PARA ATROPELAMENTOS NA REGIAO AUSTRAL DA MATA ATLANTICA

Resumo:

A Mata Atlântica possui uma das mais diversificadas biotas do planeta. Santa Catarina está totalmente inserido neste bioma, apresentando o maior percentual de cobertura florestal remanescente. Ao passo que, a perda e a fragmentação de habitat são grandes problemas causados pelas atividades humanas, representando enorme ameaça aos mamíferos terrestres deste bioma. Avaliar a distribuição das espécies e impactos negativos associados aos habitats em que se encontram, são ações indispensáveis para conservar suas populações, evitando assim, o declínio da espécie. Neste estudo objetivamos analisar a distribuição potencial de Tamandua tetradactyla e verificar quais variáveis ambientais estão associadas ao impacto de atropelamentos nas rodovias do estado de Santa Catarina, através de variáveis que melhor explicam a ocorrência e que possuem maior influência nos atropelamentos da espécie. Foi verificado também se a espécie está sendo protegida suficientemente em Unidades de Conservação de Proteção Integral (UCPIs). A partir disso, recomendamos medidas objetivas visando a conservação de T. tetradactyla e a mitigação do impacto de rodovias através de diferentes estratégias no estado de Santa Catarina. Selecionamos registros de presença de indivíduos vivos obtidos através de armadilhas fotográficas e de atropelados que ocorreram entre 1994 e 2021. Para a seleção das variáveis bioclimáticas, utilizamos o teste jackknife e a Análise de Componentes Principais (PCA). Além disso, realizamos uma Análise de Regressão Múltipla (GLM) com as variáveis bioclimáticas e ambientais relacionadas aos registros de atropelamentos. Para a elaboração dos modelos, utilizamos o algoritmo MaxEnt. Os modelos de distribuição potencial de T. tetradactyla e de áreas potenciais para atropelamentos tiveram um ótimo desempenho (AUC = 98,4% ). Da análise de GLM o modelo mais parcimonioso foi negativamente explicado pelas variáveis temperatura média do trimestre mais seco e linearidade da estrada com valor de AICc 175.02 e peso 0.432. O segundo melhor modelo incluiu a variável cursos d' água com valor de AICc 175.97 e peso 0.270. As variáveis climáticas que mais contribuíram para a distribuição da espécie foram, a sazonalidade da temperatura e precipitação, sendo que sazonalidade e calor parece ser uma condição importante para presença da espécie, e a temperatura média do trimestre mais frio não favorece a sua presença. A espécie está presente em quase todas as (UCPIs) no estado de Santa Catarina contemplando 2.629 Km² equivalente a 2,75% do território catarinense. A distribuição potencial dentro de UCPIs é de 86,8%. E áreas potenciais para atropelamentos dentro de UCPIs é de 47,31%. Concluímos que a espécie apresenta ampla distribuição potencial no estado de Santa Catarina, com 83,7% da área adequada para distribuição especialmente associada ao clima temperado do planalto catarinense. Há poucas UCPIs no estado, sendo recomendada a ampliação dessas áreas especialmente na região do planalto serrano. Além disso, recomendamos a instalação de passagens de fauna aéreas nos pontos vulneráveis, especialmente próximo a cursos de água com mata ciliar em estradas lineares do planalto serrano e região oriental do oeste catarinense, onde se concentram os atropelamentos de T. tetradactyla.

Palavras Chaves: áreas protegidas, mamíferos, modelagem, Santa Catarina, Tamanduá-mirim, temperatura, Xenarthra.

Financiamento:

Área

Conservação

Autores

Luana Paula Reis Lucero , Maurício Eduardo Graipel, Paula Ribeiro Souza, José Salatiel Rodrigues Pires