11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

AVALIAÇAO DA CONCENTRAÇAO DE METAIS EM MUSCULO DE MORCEGOS FRUGIVOROS ARTIBEUS LITURATUS COLETADOS EM AREA DE MINERAÇAO

Resumo:

A intensa atividade de extração de ferro provoca desequilíbrios ambientais na água e no solo. No município de São Gonçalo do Rio Abaixo, localizado em Minas Gerais, encontra-se a maior mina de Ferro do estado. Por abrigar Áreas de Preservação Permanentes, o município também é lar de espécies de morcegos frugívoros como Artibeus lituratus que, além de atuarem como dispersores de sementes e colaborarem para o reflorestamento, são também bioindicadores da qualidade do ambiente, visto que são susceptíveis à bioacumulação de metais. O objetivo desse estudo foi analisar a concentração de metais no músculo peitoral dos morcegos frugívoros Artibeus lituratus coletados em áreas de mineração e em locais preservados, a fim de verificar se os animais das áreas impactadas estão com um acúmulo maior de metais do que os das áreas não impactadas. Foram coletados morcegos machos adultos de A. lituratus com redes de neblina na região de São Gonçalo do Rio Abaixo (A1/n=8) e em Ervália (CTL/n=5), também em Minas Gerais. Depois de coletados, identificados e eutanasiados, foram retiradas amostras do músculo peitoral para serem armazenadas no freezer -80°C. As análises foram feitas após a secagem do tecido muscular em estufa para obter uma massa constante, que foi mineralizada em ácido nítrico-perclórico para retirar a matéria orgânica, e após esse processo o que restou foi completado com água destilada e utilizado na determinação de concentração de Alumínio (Al), Bário (Ba), Cromo (Cr), Ferro (Fe), Cobalto (Co), Cobre (Cu), Cádmio (Cd), Magnésio (Mg), Cálcio (Ca), Titânio (Ti), Manganês (Mn), Níquel (Ni), Chumbo (Pb) e Zinco (Zn) por espectrofotometria de emissão ótica com plasma acoplado indutivamente. Não foram encontradas doses tóxicas de Ca nos morcegos, no entanto, foram detectadas concentrações mais elevadas de Ca nos músculos dos animais da área afetada do que nos morcegos CTL (40,69 ± 3,31 µg/g e 25,31 ± 2,83 µg/g, respectivamente). O aumento de Ca pode estar relacionado a processos metabólicos como controle hormonal, ou controle da homeostase celular, que podem ser afetados pela presença de outros metais tóxicos. Outra possibilidade é o aumento de Ca devido ao aumento da disponibilidade desse elemento na água graças ao processo de mineração. As concentrações de Fe também estavam maiores nos animais coletados na área afetada em comparação ao grupo CTL (25,68 ± 3,87 µg/g e 11,53 ± 1,15 µg/g, respectivamente), possivelmente devido ao fato de que a mineração de Fe pode elevar a disponibilidade desse metal no ambiente – que poderia levar a um quadro de hemacromatose (acúmulo de ferritina nos músculos). Os resultados obtidos sugerem que animais que forrageiam em área de mineração podem estar sob exposição prolongada ao Ca e ao Fe, devido às concentrações de metais encontradas nos músculos peitorais estarem mais elevadas do que as do grupo de referência, sendo importante a monitoração das quantidades de metais e efeitos fisiológicos em seus órgãos em morcegos não-alvo, pois concentrações elevadas podem provocar prejuízos à saúde dos animais. Palavras-chave: bioacúmulo, cálcio, ferro, quirópteros.

Financiamento:

CAPES/CNPq

Área

Conservação

Autores

Thaís Ribeiro de Miranda, Ana Luiza Fonseca Destro, Deborah Cardoso Gonçalves, Kemilli Pio Gregório, Vinicius Melo da Silva, Juraci Alves de Oliveira, Hernando Baggio Filho, Mariella Bontempo Freitas