11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

OS TAMANDUAS AMARELOS: A PRESENÇA DE XANTOCROMISMO EM TAMANDUA TETRADACTYLA (XENARTHRA, PILOSA)

Resumo:

Tamandua (Xenarthra, Pilosa) é um gênero de tamanduás amplamente distribuído na região Neotropical, sendo o mais expressivo em número de espécimes nas coleções mastozoológicas brasileiras. Atualmente, Tamandua é representado por duas espécies: Tamandua mexicana, presente do sul da América Central ao norte da América do Sul, e Tamandua tetradactyla, majoritariamente distribuída na América do Sul, ocorrendo do norte da Argentina ao norte da Venezuela, assim como nas ilhas de Trinidad e Tobago. Os tamanduás desse gênero são popularmente chamados de "tamanduás-de-colete", devido a presença de uma extensa mancha preta em seu dorso, que se estende lateroventralmente em seu corpo, formando um "colete" enegrecido. Contudo, são reportadas na literatura (Wetzel, 1975; 1982) diferentes padrões de coloração para T. tetradactyla, com espécimes desprovidos desses coletes e totalmente amarelados, residindo principalmente na Amazônia. Essa variação é historicamente tratada como uma característica comum à espécie, com suas implicações biológicas se mantendo inexploradas. Aqui, investigamos registros formais e informais de indivíduos de T. tetradactyla com a coloração amarelada, buscando reconhecer o padrão de expressão dessa coloração na pelagem dessa espécie, assim como sua comparação com desordens cromáticas reportadas para mamíferos. Além dos estudos clássicos de Wetzel, nós encontramos na literatura formal um espécime amarelado reportado por Ríos-Alvear e Cadena-Ortiz (2019). Adicionalmente, observamos 33 registros de indivíduos amarelados apresentados por fotografias em sites informais (e.g., INaturalist; sites de instituições zoológicas). Em totalidade, são registrados 31 animais de vida livre oriundos da América Central e do Sul e 3 cativos. Os indivíduos encontrados apresentam uma coloração amarela ou amarelo-alaranjada que cobre quase completamente o seu corpo. As mãos, os pés, o rostro e a superfície interna das orelhas são as únicas regiões corporais desses indivíduos que diferem da coloração amarelada, com os pelos nestas regiões sendo predominantemente enegrecidos. Estes indivíduos possuem uma mancha negra na porção rostral da cabeça, com esta se estendendo da parte posterior das narinas até o entorno dos olhos, e formando uma "máscara negra", como observado em outros indivíduos de Tamandua não-amarelados. Alguns indivíduos apresentavam essa máscara mais clara, em tons de acastanhado, acinzentado ou esbranquiçado, com a máscara sendo assimétrica e menos definida nesta última condição. Alguns espécimes apresentam pelos brancos bem delimitados no entorno dos seus olhos. A cauda desses espécimes tem a porção mediodistal desprovida de pelos, semelhante ao observado em outros Tamandua. Alguns indivíduos (N= 5) apresentaram uma coloração amarelada mais pálida ou com pelos brancos ou negros esparsados entre os pelos amarelos. A coloração amarelada nos indivíduos analisados de T. tetradactyla é concordante com o padrão de uma desordem cromática conhecida como xantocromismo (syn. xantismo). Essa desordem é caracterizada pela maior concentração e deposição de pigmentos amarelos (e.g., feomelanina; xantina) na pele, pelos, escamas ou penas de vertebrados, conferindo uma coloração amarela ou alaranjada a esses tecidos. Os T. tetradactyla amarelados são descritos na literatura somente como "yellowish individuals", sem menção a esta desordem cromática. Deste modo, esse estudo reconhece formalmente a presença de indivíduos xantocrômicos para o gênero Tamandua.

PALAVRAS-CHAVE: Desordem cromática; Pelagem; Tamandua; Xantocromismo; Xenarthra

Financiamento:

Área

Anatomia e Morfologia

Autores

Leonardo Cotts, Oscar Rocha Barbosa, Daniel Casali, Ricardo Moratelli