11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

AVALIANDO EFEITOS DE AMOSTRAGENS NAO PADRONIZADAS COM ARMADILHAS FOTOGRAFICAS SOBRE REGISTROS DE FELINOS.

Resumo:

Recursos financeiros limitados para estudos da biodiversidade exigem programas de pesquisa que obtenham o máximo de informação com os menores custos. É razoavelmente recente a utilização de armadilhas fotográficas (AFs) em estudos ecológicos desenvolvidos no Brasil, mas amostragens obtidas através deste método têm trazido avanços significativos em estudos populacionais e da composição da mastofauna. Porém, estimativas populacionais de abundância são extremamente difíceis, uma vez que muitas espécies não possuem marcas que permitam a identificação individual, sendo necessário utilizar a contagem de registros e a riqueza de espécies; para tanto a quantidade de registros independentes, presença-ausência ou ainda probabilidade de obtenção de registros em função de diferentes formas de esforço de amostragem têm sido utilizados. O presente estudo avaliou como amostragens espaço-temporais não padronizadas influenciam variáveis associadas aos registros obtidos através de AFs em estudos com felinos de pequeno (Leopardus guttulus, L. wiedii, Herpailurus yagouaroundi), médio (L. pardalis) e grande porte (Puma concolor). Utilizamos 387 registros independentes diários de felinos e um esforço de amostragem de 41.556 armadilhas-dia em 306 pontos de amostragens de 27 áreas na região austral da Mata Atlântica. Para avaliar a existência de relação significativa entre as variáveis dependentes [Riqueza (S), Número de Registros Independentes (RI), Presença-Ausência (P-A) e Detectabilidade (De)] e preditivas [Sazonalidade espacial (SE), Sazonalidade temporal (ST), Distância (Di) entre AFs, Pontos de amostragem (PT) e Esforço de amostragem em armadilhas-dia (EA)], realizamos análises de Modelos Lineares Generalizados (GLM). Observou-se que S e RI de todas as espécies foram positiva e significativamente influenciadas por PT e EA ( p<0.05; p<0.001, respectivamente ). Com exceção de H. yagouaroundi, a RI também foi influenciada pela Di ( p<0.05 ) para todas as espécies. Riqueza e RI de L. guttulus e L. pardalis tiveram relação positiva e significativa com a ST ( p<0.05 ), enquanto que RI de L. wiedii foi relacionado ambos negativa e significativamente com SE ( p<0,05 ). A P-A se mostrou influenciada por PT e EA ( p<0.01; p< 0.001, respectivamente ) somente quando associados a P. concolor. A De de L. guttulus foi significativamente influenciada por ST ( p<0.0001 ), enquanto que H. yagouaroundi e P. concolor foram ambos influenciados por PT e EA ( p<0.05 ). A variação da influência das variáveis preditoras sobre as variáveis dependentes de cada espécie pode estar associada a diferentes fatores, como densidade populacional, seleção de habitat, migração, relação predador-presa, entre outros, sendo respostas que podem variar também ao longo do tempo, de acordo com a heterogeneidade das espécies e populações. Esses resultados mostram que é fundamental considerar a história natural das espécies estudadas, co-variáveis espaço-temporais, esforço e a forma de amostragem, e promover a padronização das variáveis preditoras. Dessa forma evitamos que ocorram desvios desconhecidos associados às análises, especialmente em relação a RI em áreas de maiores latitudes, onde a sazonalidade é mais acentuada.

Palavras-chave: Mata atlântica; Padronização de dados, Sazonalidade.

Financiamento:

Esse trabalho foi executado através do Projeto Fauna Floripa, parceria entre a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (FLORAM), o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA-SC) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Paula D. Ribeiro Souza apoiada pela bolsa de doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), n° 88887.519051/2020-00; Juliano A. Bogoni apoiado pelas bolsas de pós-doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) nº 2018-05970-1 e nº 2019-11901-5; Reserva Araponga; Apoio do Programa Ecológico de Longa Duração de Santa Catarina/PELD BISC financiado pelo CNPq (Chamada CNPq/Capes/FAPs/BC-Fundo Newton/PELD nº 15/2016, Chamada CNPq/MCTI/CONFAP-FAPS/PELD no 21/2020) e FAPESC (FAPESC 2018TR0928; FAPESC 2021TR386).

Área

Outros

Autores

Theo Cristini Grothe Mees, Maurício Eduardo Graipel, Barbara Lima Silva, Paula Ribeiro-Souza, Bruna Nunes Krobel, Juliano A. Bogoni, Guilherme Christakis Rodrigues, José Salatiel Rodeigues Pires, Micheli Ribeiro Luiz