11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

ONTOGENIA CRANIANA DE NASUA NASUA (MAMMALIA, CARNIVORA)

Resumo:

O quati sul-americano, Nasua nasua (Linnaeus 1766), é uma espécie que ocorre em quase toda a América do Sul, desde a Colômbia e Venezuela até o Uruguai e Argentina. Apesar de ser uma espécie abundante e amplamente distribuída na América do Sul, ainda há poucos estudos a respeito de sua estrutura craniana e desenvolvimento. Este trabalho tem como objetivo descrever em detalhe o crânio de N. nasua, estabelecendo as mudanças osteológicas ontogenéticas que ocorrem ao longo de seu desenvolvimento, tanto em termos qualitativos quanto em termos quantitativos, e comparando-o com o de outros procionídeos. Foram fotografados, medidos e analisados 60 crânios de N. nasua abrangendo uma ampla distribuição geográfica do Brasil, provenientes das coleções do Centro de Coleções Taxonômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Museu Nacional, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e Museu de Zoologia João Moojen. Também foram utilizados nas comparações outras espécies de Procyonidae através de observação direta de espécimes, fotografias e descrições prévias da literatura. Os espécimes de N. nasua foram classificados em quatro categorias de idade (filhotes, juvenis, subadultos e adultos), levando em consideração o fusionamento das suturas e a erupção dentária. N. nasua apresenta um marcado dimorfismo sexual, com os machos apresentando crânios maiores e mais robustos, com a presença de uma crista sagital proeminente. As fêmeas, por outro lado, apresentam uma crista para-sagital e um crânio menor e mais delicado. Em filhotes e juvenis não é possível distinguir o sexo com base apenas na estrutura craniana, pois essas características ainda não se encontram estabelecidas. Em filhotes e juvenis, as suturas são abertas e visíveis, o arco zigomático é estreito em sua estrutura e lateralmente não alargado e apresentando um formato mais ovalado (em vista dorsal), não apresentam cristas sagitais ou para-sagitais, o supraoccipital é pouco desenvolvido caudalmente e a região rostral é um pouco menos alongada, ocupando cerca de 40% do comprimento total do crânio, enquanto um adulto tem essa mesma região em torno de 4% maior. Filhotes e juvenis também apresentam os dentes predominantemente decíduos, embora em juvenis esses compartilham espaço com dentes permanentes, como molares. Mudanças na forma craniana foram encontradas ao longo da ontogenia, e o crescimento parece se concentrar principalmente nos primeiros estágios. N. nasua apresenta o crânio semelhante ao de N. narica e Nasuella olivacea, apesentando crânio mais alongado na região rostral e formato ovalado da caixa craniana, embora esse último apresente crânio mais delicado e proporcionalmente menor. Espécies dos gêneros Basssariscus, Procyon e Bassaricyon apresentam o comprimento total do crânio de tamanho intermediário quando comparados com outras espécies da família Procyonidae, enquanto Potos flavus apresenta o crânio mais achatado e encurtado rostralmente, em grande parte devido a variações nas proporções dos ossos da região rostral. Futuros estudos quantitativos permitirão uma melhor exploração das variações ontogenéticas e interespecíficas de N. nasua.

Financiamento:

Área

Anatomia e Morfologia

Autores

Carla Danielle de Melo-Soares, Fernando Araújo Perini