11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

MORCEGOS EM ECOSSISTEMAS CAVERNICOLAS NA FLORESTA NACIONAL DE CARAJAS: NOVOS INSIGHTS SOBRE A CITOGENETICA DE ESPECIES AMEAÇADAS DE EXTINÇAO

Resumo:

Cavernas constituem ecossistemas únicos, fundamentais na manutenção de populações de diversos organismos. No Brasil as espécies de morcegos que utilizam as cavernas como abrigo estão constantemente susceptíveis a impactos já que usualmente coincidem com recursos de elevado interesse econômico. Das 181 espécies de morcegos do Brasil, 58 têm registro em cavernas, sendo 13 consideradas essencialmente cavernícolas. Algumas dessas espécies são consideradas vulneráveis (Furipterus horrens e Natalus macrourus) e quase ameaçada (Lonchorhina aurita). A Floresta Nacional de Carajás é uma unidade de conservação e um dos poucos remanescentes florestais da região sudeste do Pará que resiste às pressões antrópicas da mineração, agricultura e pecuária. Sabendo que as cavidades naturais desta UC abrigam populações de grande relevância destas espécies, e que o conhecimento à cerca de sua diversidade ainda é escasso e fragmentado, o presente estudo tem como objetivo descrever a diversidade cromossômica de morcegos em cavidades naturais da Floresta Nacional de Carajás. Os resultados devem permitir a caracterização morfológica, cromossômica e molecular dos táxons coletados, definindo seu status taxonômico e assim contribuindo para a tomada de decisões sobre o manejo da região, do ponto de vista da conservação da biodiversidade. Os espécimes foram coletados em duas expedições de três dias consecutivos nos meses de novembro de 2021 e março de 2022. As amostragens aconteceram em três cavernas da Serra Norte e três da Serra Sul na região da Floresta Nacional de Carajás. As coletas foram feitas com redes de neblina armadas próximas as saídas dos abrigos e harp trap disposta na saída das cavernas; sempre que possível um exemplar de cada sexo foi coletado para verificar a presença de sistemas cromossômicos de determinação sexual distintos. Preparações cromossômicas foram obtidas a partir de células da medula óssea e através de cultura primária de fibroblastos; células em metáfase foram fotografadas para a montagem dos cariótipos. Nove espécies foram cariotipadas e comparadas com dados citogenéticos descritos na literatura: Desmodus rotundus (2n=28, número fundamental [NFa] = 52), Diphylla ecauda (2n=32, NFa=60), Furipterus horrens (2n=34, NFa=60), Lonchorhina aurita (2n=32, NFa=60), Myotis albescens (2n=44, NFa=50), Natalus macrourus (2n=36, NFa=56), Peropteryx kappleri (2n=26, NFa=48), Pteronotus personatus (2n=38, NFa=60) e Pteronotus rubiginosus (2n=38, NFa=60). Nosso estudo revelou pela primeira vez os cariótipos de espécimes brasileiros de F. horrens, M. albescens, N. macrourus e P. personatus, sendo este último um importante registro, pois é uma espécie considerada rara ao longo de sua distribuição. Apenas uma fêmea de F. horrens foi amostrada e apresentou NFa=60, diferente do espécime do Suriname relatado na literatura com NFa=62. Rearranjos cromossômicos do tipo inversão podem ser responsáveis por esta variação. Os cariótipos das demais espécies analisadas corroboram os dados na literatura, demonstrando conservadorismo cromossômico. O avanço de nossos estudos através da citogenética molecular pode revelar diferenças cromossômicas únicas indetectáveis por citogenética clássica. Os morcegos analisados são representativos da grande riqueza da Floresta Nacional de Carajás, em especial aqueles relevantes ecologicamente e os ameaçados de extinção, para conhecer sua biodiversidade e predizer sua história evolutiva.
Palavras-chave: Chiroptera. Ecossistemas subterrâneos. Amazônia. Citotaxonomia.

Financiamento:

Área

Genética

Autores

Jéssica Barata Silva, Thayse Cristine Melo Benathar, Ramerson Lucas Ferreira Azevedo, Daniely Freitas Nascimento, Luyann André Rodrigues Correa, Leonardo Carreira Trevelin, Cleusa Yoshiko Nagamachi, Guilherme Corrêa Oliveira, Julio Cesar Pieczarka