11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

DE VOLTA AO PASSADO: IDENTIFICAÇAO MOLECULAR DE ESPECIMES DE RHIPIDOMYS CARIOTIPADOS E NOTAS SOBRE A DISTRIBUIÇAO DE RHIPIDOMYS MASTACALIS.

Resumo:

Rhipidomys é um dos gêneros mais diversos da tribo Thomasomyini com 23 espécies na América do Sul e parte da América Central, muito delas ocorrendo em simpatria, se distinguindo por poucas características morfológicas, outras possuem o mesmo número diploide (2n) de 44 e número fundamental (NF) incluindo a mesma morfologia dos cromossomos. Os poucos estudos filogenéticos realizados com o gênero utilizaram representação reduzida da diversidade de espécies e baixo número amostral. Tais problemas dificultam delimitar e estimar os limites da distribuição das espécies. Artigos com informações cariotípicas aumentaram o conhecimento sobre o gênero Rhipidomys, e são utilizados até hoje como referência na identificação das espécies. Um exemplo é Rhipidomys mastacalis, com distribuição disjunta, ocorrendo do norte do estado da Paraíba ao sul do estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de localidades nos estados do Ceará e norte de Goiás, essas duas últimas baseadas exclusivamente em dados cariotípicos. O cariótipo associado a R. mastacalis é 2n=44, FN=72,74. Estudos anteriores associaram a R. mastacalis os cariótipos de Goiás citotipo1 com 2n=44, NF=80 e citotipo com 2n=44, NF=76. Estudos posteriores remontaram esses cariótipos, associando os citótipos1-2 à espécie R. ipukensis com cariótipo 2n=44, NF=80. Mesmo com estas evidências os citotipos1-2 ainda são associados a R. mastacalis, por falta de informações morfológicas e moleculares. O cariótipo 2n=44, NF=52 dos estados do Pará e Goiás foram associados a R. leucodactylus cit1, e o cariótipo 2n=44, NF=48 de Rondônia a R. leucodactylus. Tendo em vista este cenário este trabalho objetivou analisar as sequências de DNA de espécimes de Rhipidomys com cariótipo publicado e associá-los as formas nominais, além averiguar os limites da distribuição de R. mastacalis. Foram sequenciadas cinco amostras de R. emiliae dos estados de Mato Grosso, Pará e Goiás, quatro amostras de R. ipukensis do estado de Tocantins, três amostras R. mastacalis citotipos1-2 de Goiás, e um espécime de R. leucodactylus de Rondônia. O DNA foi isolado com a técnica de fenol-clorofórmio, amplificado por PCR e sequenciado no ABI3130xl. As sequências foram alinhadas no MEGA, submetidas a análises de máxima verossimilhança (ML) no IQ-TREE. A ML agrupou as amostras com 2n=44, NF=52 com amostras de R. emiliae, as amostras de R. mastacalis citotipos1-2 com amostras de R. ipukensis, e a amostra com 2n=44, FN=48 com amostras do grupo de espécies R. leucodactylus. Desta forma confirmamos a associação do cariótipo 2n=44, FN=48 com R. leucodactylus, corroborada pelas análises filogenéticas. Espécimes identificados como R. leucodactylus cit1 correspondem a linhagem de R. emiliae. As amostras de R. mastacalis citotipos1-2 correspondem a R. ipukensis com 2n=44, NF=80. Não há evidência cariotípica ou molecular que indique a ocorrência de R. mastacalis em Goiás, e estudos posteriores são necessários para avaliar a presença de R. mastacalis no Ceará, ficando a distribuição dessa espécie restrita a região do norte da Paraíba ao sul do Rio de Janeiro, e parte de Minas Gerais.

Financiamento:

Área

Genética

Autores

Rayque de Oliveira Lanes , Cibele Rodrigues Bonvicino