11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

EFEITOS DA TOPOGRAFIA NA DIVERSIDADE GENETICA DE MARMOSOPS MATSCHIE, 1916 (DIDELPHIDAE, THYLAMYINI) DA FLORESTA ATLANTICA

Resumo:

Espécies de regiões de montanha respondem de forma única às dinâmicas climáticas do passado. Porém, não está claro como estas condições influenciaram a diversidade genética dos marsupiais. As espécies Marmosops incanus e M. paulensis se distribuem ao longo de gradientes altitudinais da Floresta Atlântica. Marmosops incanus também ocorre em formações savânicas do Cerrado, enquanto M. paulensis é restrita às zonas mais elevadas do sudeste do domínio atlântico. Ambas são bons modelos para avaliar a relação entre gradiente altitudinal e diferenciação genética. Investigou-se a divergência genética nas populações alto-montanas de M. incanus e M. paulensis, com base na variação do gene mitocondrial citocromo b (mt-Cytb), e inferiu-se possíveis eventos históricos que influenciaram a diversificação intraespecífica desses marsupiais. O DNA foi isolado com o protocolo fenol/clorofórmio e o gene alvo foi amplificado pela técnica de PCR. Os eletroferogramas foram analisados (Chromas Pro) e as sequências alinhadas (MEGA X). Estimou-se a matriz de distância genética (MEGA X). As duas espécies apresentaram divergência genética intraespecífica grande. Filogenias de Máxima Verossimilhança (ML, IQ-Tree) e Inferência Bayesiana (IB, MrBayes) mostram Marmosops monofilético e estruturação geográfica em M. incanus e M. paulensis. A datação (BEAST) indica que os filogrupos de M. paulensis surgiram no Plioceno (5.29 M.a.) e se diversificaram até o Pleistoceno, enquanto em M. incanus surgiu no final do Mioceno (7.46 M.a.) ao Pleistoceno. A data de formação de alguns filogrupos de M. incanus e M. paulensis coincide com o tempo do surgimento de novas serras dentro das cordilheiras da Serra do Mar e da Mantiqueira, durante o Mioceno e o Plioceno. O teste de Mantel (Matlab) não indica isolamento por distância entre as populações e o FST par a par (Arlequin) confirma o isolamento de populações de M. paulensis das Serras do Mar e da Mantiqueira. A diversidade genética e os testes de neutralidade (D de Tajima e F’s de Fu; Arlequin) indicam expansão demográfica recente das populações das duas espécies. A rede de haplótipos (PopART) corrobora a estruturação da ML e da IB, e mostra os haplótipos de M. paulensis da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira separados entre si e dos outros grupos, e dentro deste último grupo, o agrupamento da Serra do Caparaó, que é uma extensão geográfica da Mantiqueira, fica isolado. As populações de M. incanus se dividiram em três: o agrupamento da Serra do Mar I (exceto Serra dos Órgãos), o agrupamento Serra do Mar II (apenas a Serra dos Órgãos) e áreas costeiras adjacentes, e o agrupamento das serras da Mantiqueira e do Espinhaço e áreas costeiras adjacentes. Os resultados para M. paulensis concordam com a existência de refúgios pleistocênicos alto-montanos para a espécie, enquanto, para M. incanus, este padrão não foi detectado. Os testes de delimitação de espécies (bPTP e GMYC) sugerem que M. paulensis e M. incanus são um complexo de espécies, e que a diversidade taxonômica de Marmosops na Floresta Atlântica pode estar subestimada.

Palavras-chave: delimitação de espécies, gene mitocondrial, Marmosops incanus, Marmosops paulensis, variação genética.

Financiamento:

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – 88887.497718/2020-00 (Processo finalizado)

Área

Biogeografia/Macroecologia

Autores

Maria Clara Santos Ribeiro, Jânio Cordeiro Moreira, Cibele Rodrigues Bonvicino, Michel Barros Faria, Fabiano Rodrigues de Melo