11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

INFLUENCIA DE OBSTACULOS NA ECOLOCALIZAÇAO DE MORCEGOS MOLOSSIDEOS

Resumo:

O emprego de detectores de ultrassom tem se mostrado útil para complementar as informações sobre o comportamento e ecologia de morcegos tradicionalmente estudados por meio de redes de neblina. Através da análise de parâmetros acústicos dos chamados de ecolocalização, é possível a identificação de espécies, gêneros ou famílias em maior ou menor grau de certeza, indicando que um banco de sons pode ser uma importante ferramenta para o estudo dessas espécies. Todavia a identificação das espécies só é possível quando as características dos sons de ecolocalização das espécies presentes na área estudada já foram previamente descritas. Espécies da família Molossidae, são caracterizadas como forrageadores de espaço aberto, que emitem pulsos longos de banda estreita e de frequências relativamente baixas. No entanto, vários molossídeos apresentam um alto nível de plasticidade vocal, adaptando seus chamados de ecolocalização de acordo com as circunstâncias. A estrutura do chamado de ecolocalização pode ser influenciada pela tarefa que o morcego executa (localização, detecção ou perseguição de presas) e pelo nível de obstáculos presente no ambiente de forrageio. Sendo assim o objetivo deste trabalho foi descrever a variação dos parâmetros dos chamados de ecolocalização de Molossus molossus, Molossus rufus e Molossus coibensis de acordo com diferentes proximidades aos obstáculos a partir de filmagem e gravação de som dos mesmos. Foi verificado plasticidade vocal nas três espécies estudadas. A maioria das mudanças dentro do repertório acústico das espécies podem ser consideradas quantitativas e incluem ajustes na duração e conteúdo espectral dos chamados. No entanto, durante a fase 2 (distância intermediária dos obstáculos e do chão), os morcegos apresentaram diferenças quanto a estrutura da sequência. M.molossus, M. rufus e M. coibensis possuíram uma estrutura de sequência semelhante durante o trajeto de voo, emitindo chamados de frequência modulada (FM) quando encontravam-se próximos ao chão e aos obstáculos e de frequência quase constante (FQC) quando encontravam-se distantes do chão e dos obstáculos. A maior variação foi encontrada quando passavam em distância intermediária ao chão e aos obstáculos: M. molossus alternou chamados FQC e chamados FM enquanto as outras duas espécies exibiram chamados FQC diferenciados com frequência máxima e mínima mais altas que os chamados FQC de busca característicos de cada uma das espécies. Este trabalho fornece as primeiras descrições de chamados de M. molossus, M. rufus e M. coibensis com visualização total do ambiente em que esses animais se encontram no momento da emissão do pulso. Os resultados obtidos mostram claramente a influência que os obstáculos exercem na variação dos chamados destas espécies.

Financiamento:

FAPES

Área

Ecologia

Autores

Francyne Lyrio Mischiatti, Marcio Henrique Almerida, Albert David Ditchfield