11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

INFLUENCIA DO TRANSPORTE E QUARENTENA SOBRE O STATUS DOS CHIFRES EM CERVOS-DO-PANTANAL (BLASTOCERUS DICHOTOMUS)

Resumo:

Em cervídeos, o manejo em cativeiro é complexo pela alta susceptibilidade destas espécies ao estresse. Ademais, o efeito desse estresse sobre o desenvolvimento dos chifres e outras características reprodutivas, ainda é pouco compreendido. Predominantemente, machos de clima temperado apresentam um ciclo de chifres correlacionado com as estações de acasalamento (períodos de alta demanda energética), devido à forte regência do fotoperíodo sobre a secreção de testosterona. Já a maioria das espécies neotropicais não exibe uma época reprodutiva bem definida, nem uma associação entre a fase dos chifres e o status reprodutivo, como é o caso do cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus). Ainda, sabe-se que altos níveis de cortisol (hormônio liberado em resposta ao estresse) podem afetar a secreção de andrógenos e, consequentemente, os chifres, que são dependentes de testosterona para um crescimento e manutenção adequados, porém ainda não está claro se essa influência é positiva ou negativa. Assim, objetivamos avaliar o efeito de um manejo potencialmente estressante (transferência entre criadouros) sobre o status dos chifres em cervos-do-pantanal. Utilizamos 18 machos adultos (5,83 ± 2,26 anos), que foram sedados com a associação de azaperone (1 mg/kg) e cloridrato de xilazina (0,5 mg/kg) e transportados em caixas individuais por 210 km. O transporte ocorreu entre outubro e novembro de 2021 e, então, os animais permaneceram em baias individuais (16 m²) durante um período de quarentena. Ao longo de quatro meses desse período, cada animal foi observado semanalmente. Partimos da premissa que o procedimento tenha causado forte estresse nos animais, uma vez que nunca haviam sido retirados do ambiente em que viviam e não estavam habituados com a manutenção em baias. Do total de cervos-do-pantanal, 44,4% (8/18) tiveram queda dos chifres, 33,3% (6/18) mantiveram chifres encapados (após queda anterior à transferência) e 22,2% (4/18) mantiveram chifres plenamente desenvolvidos. Uma vez que a troca de galhadas em cervos-do-pantanal é assíncrona, a grande porcentagem de quedas observadas no mesmo período ocorreu possivelmente devido a um efeito negativo do estresse causado pelo transporte e pela quarentena. Estes fatores devem ser melhor investigados a partir de dosagens hormonais para entender a correlação entre cortisol, hormônios reprodutivos e estrutura dos chifres em cervos-do-pantanal. Entretanto, os resultados obtidos neste período de estudo sugerem que, nessa espécie, o estresse fisiológico causado pelo transporte e quarentena deve ter gerado a queda dos chifres dos animais.

Palavras-chave: cervídeos, estresse, chifres, Blastocerus dichotomus.

Financiamento:

Área

Fisiologia

Autores

Laís Jaqueline de Souza, Valdir Nogueira Neto, Thaylane Paula Financi, Eveline dos Santos Zanetti, José Maurício Barbanti Duarte