Dados do Trabalho

Título:

ESTRUTURAÇAO POPULACIONAL DO MICO-LEAO-PRETO (LEONTOPITHECUS CHRYSOPYGUS) EVIDENCIA EFEITO DA FRAGMENTAÇAO DO HABITAT

Resumo:

O mico-leão-preto (MLP), Leontopithecus chrysopygus, é um primata ameaçado de extinção, endêmico da Mata Atlântica do estado de São Paulo. Sua distribuição original abrangia as partes baixa da Mata Atlântica, localizada entre os rios Tietê e Paranapanema. No entanto, a espécie se manteve sem registro de ocorrência na natureza por cerca de 65 anos. Atualmente, sua distribuição se limita a cerca de 20 fragmentos florestais, compreendidos em três regiões ao longo da bacia do Rio Paranapanema (Alto, Médio e Pontal do Paranapanema), as quais apresentam diversidade paisagística em termos de tamanho, recursos e conectividade. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo caracterizar a diversidade genética e a estrutura populacional de MLP utilizando sequências da região controle do DNA mitocondrial (D-loop). Foram analisadas 59 amostras de MLPs, sendo 28 delas de indivíduos de quatro fragmentos localizados no Alto Paranapanema (Angatuba, Buri, Guareí e Floresta Nacional de Capão Bonito) e 31 de animais oriundos de três fragmentos do Pontal do Paranapanema (Parque Estadual Morro do Diabo, Ponte Branca/Estação Ecológica Mico-leão-preto e Fazenda Santa Maria), coletadas entre 2012 e 2021. A análise de clusterização bayesiana indicou a existência de dois grupos genéticos distintos (K=2; probabilidade posterior = 1,0; log (ml) = -505.7); um deles representando as populações do Alto (A) e o outro as do Pontal do Paranapanema (P). O valor de FST foi de 0,400 (p = 0.00), sugerindo uma forte estruturação entre Alto e Pontal do Paranapanema. Os valores de diversidade haplotípica (hd) variaram de 0,516 (Alto Paranapanema) a 0,742 (Pontal). A maior diversidade haplotípica observada na região do Pontal do Paranapanema pode estar relacionada ao maior tamanho populacional existente nesta área. Foram identificados sete haplótipos, dois deles compartilhados entre as populações do Pontal e do Alto Paranapanema. Os testes de neutralidade (Tajima D e Fs de Fu) e Mismatch Distribution (MD) não evidenciaram sinais de expansões populacionais nas populações identificadas. Embora tenham sido identificadas duas populações fortemente estruturadas dentro da amostragem estudada, a existência de haplótipos compartilhados entre o Alto e o Pontal do Paranapanema, que incluem fragmentos atualmente desconectados e distantes entre si em mais de 300 km, indica a existência de haplótipos ancestrais e de possível conectividade histórica. Tais resultados sugerem diminuição e perda do fluxo gênico, causada provavelmente pelo processo de fragmentação do habitat. Os achados levantados neste estudo são relevantes, pois fornecem informações valiosas para subsidiar o planejamento de ações de manejo populacional, que incluam eventuais translocações e/ou reintroduções de MLPs e/ou o estabelecimento de corredores florestais entre os fragmentos de ocorrência atual e histórica da espécie.

Palavras-chaves: diversidade e estrutura genética, DNA mitocondrial, primatas, genética da conservação, Callitrichidae

Financiamento:

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, Processos 2017/26379-7; 2018/19577-0; 2021/06668-0), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, Processos 303524/2019-7; 317345/2021-4; 131599/2021-6), Disney Conservation Fund, Durrell Wildlife Conservation Trust, Whitley Fund for Nature, Margot Marsh Biodiversity Foundation/Re:wild, Lion Tamarins of Brazil Fund, Idea Wild. Apoio: Estação Ecológica Mico-leão-preto/ICMBio, Parque Estadual do Morro do Diabo/FF-SP.

Área

Genética