11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

MAPEAMENTO IN SILICO DA DIVERSIDADE DE CORONAVIRUS DE MORCEGOS COM ENFASE NA AMOSTRAGEM NEOTROPICAL

Resumo:

A Ordem Chiroptera tem mais de 1.400 espécies descritas, sendo a segunda ordem mais diversa da Classe Mammalia (Simmons, 2005) e a ordem com maior diversidade de vírus zoonóticos conhecida por esforço amostral (Olival et al., 2017). Dentre eles temos os coronavírus (CoVs), família de vírus de RNA que recorrentemente quebra a barreira interespécie (Cui et al., 2019), e cujos quirópteros são os principais hospedeiros. Há uma relação direta na diversidade local de CoVs com a diversidade local de morcegos (Anthony et al., 2017). O presente trabalho fez uma revisão bibliográfica para avaliar as espécies de quirópteros que já foram identificadas infectadas por CoVs e explorar a diversidade destes vírus nos morcegos neotropicais. Foram avaliados os artigos publicados até junho de 2021 que depositaram sequências para o domínio da RNA polimerase RNA dependente (RdRp) ou do genoma viral completo no Genbank. O pacote dplyr v.1.0.7 (Wickham et al., 2022) do R software v.1.4.1717 (R Core Team, 2020) foi usado para filtrar os registros por país, data de coleta e espécie do hospedeiro. Os registros foram visualizados pelos pacotes ggplot2 v.3.3.5 (Wickman, 2016) e ggmap v.3.0 (Kahle & Wickham, 2013). As sequências de RdRp de CoVs de morcegos neotropicais foram alinhadas pelo MUSCLE v.3.8.425 (Edgar, 2004) com a remoção de regiões com 10% ou mais de gaps pelo trimAl v.1.4 (Capella-Gutiérrez, Silla-Martínez & Gabaldón, 2009). O alinhamento editado foi usado para inferir uma filogenia de Máxima Verossimilhança no IQ-Tree v.2.1.4 (Nguyen et al., 2015), usando modelo de substituição de nucleotídeos otimizado para os dados (Kalyaanamoorthy et al., 2017). O levantamento bibliográfico obteve 133 artigos e 4.522 sequências de CoVs correspondentes aos domínios virais de interesse. Análises exploratórias evidenciam a China como o país que mais caracterizou cepas de CoVs em sua diversidade de morcegos (31,95% de RdRp e 60,1% dos genomas depositados), enquanto o continente americano apresentou a menor quantidade de trabalhos (4,48% e 1,2%), com o Brasil apresentando 2,38% de RdRp e sem genomas sequenciados. Foram identificados nas Américas 161 sequências de CoVs em 34 espécies de morcegos, distribuídos em 19 gêneros e 4 famílias, com a espécie mais amostrada sendo Myotis lucifugus (com 44 CoVs), seguido de Carollia perspicillata (com 23 CoVs). A filogenia inferida identificou a amostragem de diversos Alphacoronavirus (n = 144) e Betacoronavirus (n = 17) em morcegos neotropicais. Sendo assim, ainda há uma baixa amostragem de coronavírus nas Américas, região habitada por quase um terço das espécies de morcegos do mundo (López-Aguirre et al., 2018; Crowther et al., 2015). O Brasil é um país de alto risco de transmissão zoonótica por sua alta diversidade biológica de mamíferos (Allen et al., 2017), em conjunto com a presença de uma grande diversidade viral já amostrada visualizada no presente trabalho, sendo evidente a necessidade de continuar a mapear a diversidade viral dos quirópteros neotropicais como estratégia preventiva.

PALAVRAS-CHAVE: Levantamento Bibliográfico, Diversidade Viral, Epidemiologia, Genética

Financiamento:

Área

Parasitologia/Epidemiologia

Autores

Matheus Augusto Calvano Cosentino, Mirela D’arc, André Felipe de Andrade dos Santos