11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

QUAL MINERIO TRAZ MAIS RIQUEZA? COMO A LITOLOGIA INFLUENCIA O NUMERO DE ESPECIES DE MORCEGOS EM CAVERNAS.

Resumo:

Cavernas estão entre os abrigos mais importantes e usados por centenas de espécies de morcegos, pois estes ambientes tendem a possuir uma estabilidade estrutural e climática ótima para estas espécies. A coabitação em cavernas por diferentes espécies de morcegos é comum, sendo possível encontrar cavernas com altas riquezas, atingindo até mais de 20 espécies. Entretanto, cavernas podem ser formadas em diferentes tipos de rochas (i.e., litologia, como, por exemplo, carbonáticas, ferruginosas, quartizíticas ou areníticas) e suas características físicas e estruturais podem influenciar na preferência por diferentes espécies. Embora estudos já tenham indicado que a riqueza de morcegos pode ser associada ao tamanho das cavernas, uma pergunta ainda é pouco explorada: a riqueza de morcegos é influenciada pela litologia da caverna? No cenário do licenciamento ambiental, rochas carbonáticas e ferruginosas estão entre os grupos de minérios mais explorados, gerando vieses amostrais e de resultados. Ampliar o entendimento das relações entre as espécies de morcegos e a litologia das cavernas pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias conservacionistas mais direcionadas e efetivas. A partir de uma revisão bibliográfica sobre estudos de morcegos em cavernas, avaliamos 416 cavernas de diferentes litologias (203 cavernas ferruginosas, 163 carbonáticas, 47 siliciclásticas e 3 magmáticas), tamanhos e riqueza de espécies de morcegos. Utilizamos modelos lineares generalizados a partir da família de distribuição de Poisson para avaliar a influência da litologia e do tamanho das cavernas sobre a riqueza de espécies, e realizamos o teste de Tukey para avaliar diferenças na riqueza e tamanho das cavernas entre as litologias. A média de tamanho em cavernas ferruginosas foi menor do que em cavernas carbonáticas. Foram registradas 82 espécies de morcegos nas cavernas, com riqueza variando de zero a 26 espécies. Em cavernas ferruginosas a média da riqueza foi de 1,8 ± 1,9 espécie, 5, 0 ± 4,46 espécies em cavernas carbonáticas, 3,65 ± 3,10 em cavernas siliciclásticas e as 4,0 ± 2,6 em cavernas magmáticas. A diferença na riqueza de espécies entre as litologias foi significativa. A riqueza foi positivamente relacionada com cavernas carbonáticas (GLM: x² = 5.189; p < 0.001) e com o tamanho das cavernas (Figura. 5; GLM: x² = 8.563; p < 0.001), e teve resposta negativa para as cavernas ferruginosas em relação as carbonáticas (GLM: x² = -8.813; p < 0.001). Entretanto, analisando o efeito da interação entre litologia e o tamanho sobre a riqueza, cavernas ferruginosas maiores podem apresentar também mais espécies (GLM: x² = 7.603; p < 0.001). Assim, fica evidente a relação da riqueza com o tamanho das cavernas, refletido sua relação também com o tipo de litologia. Por serem menores no geral, cavernas ferruginosas provavelmente não irão apresentar elevadas riquezas, e isso indica a necessidade de proposição de estratégias de conservação diferenciadas entre as litologias, especialmente no caso de cavernas carbonáticas e ferruginosas. Estratégias litologia-específicas serão assim mais efetivas para a proteção dos morcegos nestes ecossistemas.
Palavras-chave: Chiroptera, Conservação, Litologia, Morcegos cavernícolas, Riqueza.

Financiamento:

CAPES, Anglo American.

Área

Ecologia

Autores

Jennifer de Sousa Barros, Enrico Bernard