11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

MONITORAMENTO DO CONSUMO DE ALIMENTOS E AGUA DISPONIBILIZADOS POR AÇAO HUMANA AOS ANIMAIS NO PANTANAL NORTE APOS INCENDIOS NO ANO DE 2020

Resumo:

O Pantanal é a maior área alagado do mundo com 155 mil km², apresenta uma estação chuvosa com inundação das planícies alagáveis, e uma estação seca, quando as águas das planícies retornam para os rios. Em 2019, ocorreu um período de seca extrema, sendo que este fenômeno se acentuou em 2020 com a pior seca já registrada, o que favoreceu um recorde de incêndios com 22.116 focos afetando 30% deste Bioma. No Pantanal Norte cerca de 13mil focos de incêndios consumiram aproximadamente 45% da área com consequências trágicas para sua biodiversidade, pois, além do incêndio que matou milhares de plantas e animais, ocorreu o efeito secundário que foi a falta de recursos alimentares para os animais sobreviventes, período este nomeado de “fome cinzenta” e que perdurou por meses até a recuperação de parte da vegetação. Como forma de minimizar este impacto, uma força tarefa composta por órgãos oficiais como SEMA, IBAMA, ICMBio, Defesa Civil, Polícia Ambiental e diversas ONG’s, a partir de setembro de 2020 passaram a disponibilizar alimentos e água em pontos determinados ao longo da Transpantaneira. O objetivo deste trabalho foi realizar uma amostragem para avaliar a utilização destas fontes de alimentação e água pela fauna. A área de estudo compreendeu a Estrada Parque Transpantaneira localizada no Pantanal Norte, que possui 120 pontes, nas quais ocorreram a distribuição de alimentos (frutos diversos, ovos e ração de equino), e quando necessário água em coxos plásticos com capacidade de 300 litros. Também foi ofertado alimentos em alguns pontos nas vias secundárias. Para o monitoramento da fauna, foram escolhidos quatro pontos aleatórios com instalação de armadilhas fotográficas (Bushnell), sendo duas apenas nos pontos com alimentos e duas com alimentos e água. As armadilhas foram configuradas para filmagem de 30 segundos com intervalo de 20 segundos por um período de 113 horas nos pontos com alimentos e 154 horas nos pontos com água. Um total de 253 minutos de imagens com 14 espécies de animais foram identificados, destas, 12 espécies consumiram os alimentos, dos quais 9 espécies silvestres e 3 domésticas (Cerdocyon thous, Dasyprocta azarae, Euphractus sexcinctus, Nasua nasua, Pecari tajacu, Procyon cancrivorus, Tapirus terrestres, Eira barbara, Sus scrofa, Equus caballus, Equus asinus e Ortalis canicollis) duas delas (Aramides cajaneus e Myrmecophaga tridactyla), estavam apenas de passagem e não se alimentaram. A espécie mais frequente foi D.azarae com 32 ocorrências. Em relação a água nos coxos, foram registrados 113 minutos de imagens, com 12 espécies de animais (A. cajaneus, O. canicollis, Carcara plancus, Paroaria coronata, Ramphocelus carbo, Sicalis flaveola, Saltator similis, Turdidae não. id., P. cancrivorous, N. nasua, C. thous, P. cancrivorus). A espécie mais frequente foi A. cajaneus com 34 ocorrências Embora quase todos os animais consumiram os recursos ofertados, a intervenção em ambiente natural por meio de suplementação com alimentos e água para animais silvestres ainda é um tema bastante controverso necessitando ser melhor avaliado a médio e longo prazo, pois pode ter mais efeitos negativos que positivos em um sistema tão complexo como o Pantanal.
Palavras-chave: fauna, Pantanal, incêndios.

Financiamento:

Área

Inventário de espécies

Autores

Vlamir José Rocha, Margareth Lumy Sekiama, Wladimi Marques Domingues, Neusa Arenhart