11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

RIQUEZA DE PEQUENOS MAMIFEROS EM AGROFLORESTAS DE CACAU NO SUL DA BAHIA, BRASIL

Resumo:

A redução dos hábitats naturais, devido à expansão da agricultura, pode levar a diminuição da biodiversidade, como ocorre na Floresta Atlântica. Em contrapartida, os sistemas agroflorestais contribuem com a conservação da biodiversidade devido ao cultivo de várias culturas em conjunto, gerando complexidade estrutural. Entretanto a quantidade de remanescentes de habitat natural no entorno das culturas bem como as características locais são importantes para a biodiversidade dentro dos sistemas. Porém, as plantações de cacau no sul da Bahia vêm sofrendo intensificação no manejo, com maior adensamento de cacau e menor adensamento de árvores para sombra. Nosso objetivo foi desvendar o efeito das características locais (sombreamento, quantidade de árvores, estrutura vertical) e da paisagem (cobertura florestal e de agrofloresta de cacau) sobre os padrões de riqueza e abundância de pequenos mamíferos em agrofloresta de cacau no sul da Bahia. Realizamos coletas em 12 agroflorestas de cacau (3 em cada sub-região: Ilhéus, Una, Belmonte); distribuídas em duas campanhas em cada região: em 2020 por 10 dias consecutivos e em 2021 por 7 dias consecutivos. Em cada área, nós colocamos um grid com três linhas paralelas de armadilhas. A linha central continha 10 armadilha de queda, separadas por 10 metros. As linhas extremas ficavam 20 metros distante da linha central, e continham 10 armadilhas (cinco Sherman [7,62 x 8,89 x 22,86 cm] e cinco Tomahawk [50 x 21,5 x 20 cm], alternadas), no solo ou sub-bosque (alternada) e continham iscas. Para obter as variáveis da paisagem, nós calculamos a quantidade vegetação nativa e cacau sombreado. Para obter as variáveis locais, nós fizemos um quadrante de 100 x 25 metros e contamos as árvores (separando entre cacau e não cacau), medimos o sombreamento e a estratificação vertical. Nós construímos dois modelos, um, para estimar o efeito local e da paisagem na riqueza e outro para estimar o efeito da paisagem e local na abundância de pequenos mamíferos. Usamos GLMM, com zero-inflado e distribuição gama na construção do modelo e o critério de melhor modelo foi de acordo com o menor valor de AICc. Obtivemos 96 capturas, de 15 espécies de pequenos mamíferos. Em Belmonte tivemos o maior número de capturas (n = 60) e a maior riqueza (n = 10). As espécies mais frequentes foram Hylaeamys laticeps (n = 19), Marmosa murina (n = 17), Rhipidomys mastacalis (n = 16). O modelo mais plausível para riqueza e para abundância mostra que ambas são negativamente afetadas pela quantidade de agrofloresta na paisagem. Possivelmente as paisagens do sul da Bahia já estejam em estágio avançado de degradação, e comprometeu a riqueza de pequenos mamíferos. Nós esperávamos que a abundancia fosse positivamente relacionada com a quantidade de agrofloresta de cacau na paisagem. Porém encontramos que essa relação foi negativa. Possivelmente esses resultados sejam reflexo da intensificação do manejo nas agroflorestas, e consequente aumento de uso de defensivos agrícolas nas plantações. A biodiversidade de pequenos mamíferos possivelmente é afetada pela interação de vários fatores, tanto locais quanto na paisagem.
Palavras-chave: Roedores; Marsupiais, Cabrucas; Diversidade; Agroecossistema.

Financiamento:

UESC, CAPES

Área

Ecologia

Autores

Rebeca Ferreira Sampaio, Tiago Santos Lima Villas-Bôas, Ricardo Siqueira Bovendorp