11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

EFEITO DE OLEODUTOS NA ESTRUTURAÇAO DE COMUNIDADES DE PEQUENOS MAMIFEROS EM FRAGMENTOS DE MATA ATLANTICA

Resumo:

Estruturas lineares geram um tipo particular de fragmentação, em que a vegetação natural é separada por corredores longos e estreitos de matriz antropizada. Apesar de abundantes, pouco sabemos sobre a influência dessas estruturas na movimentação e estruturação de comunidades faunísticas. Este é o caso de oleodutos, estruturas enterradas no subsolo em áreas nas quais a vegetação natural é removida para facilitar o acesso e evitar que raízes rompam o tubo. Assim, são formados corredores de cerca de 20m de largura, cobertos predominantemente por gramíneas, chamados de faixas de dutos. Embora estreitas, estas faixas podem servir como barreira à movimentação de espécies florestais menos vágeis, além de aumentar a proporção de bordas florestais. Assim, avaliamos se a presença de faixas de dutos leva a um isolamento de populações de pequenos mamíferos grande o suficiente para gerar diferenças na estrutura das comunidades localizadas em lados opostos de uma faixa de duto no estado do Rio de Janeiro. Foram amostradas seis áreas florestais: três na APA da Bacia do Rio São João e três na REBIO União. Em cada área foram dispostos quatro transectos: dois na borda floresta-duto, e dois 20 metros adentro da floresta, paralelos aos transectos de borda. Cada transecto de 150 metros foi composto de 15 estações amostrais com duas armadilhas (Shermann e Tomahawk), sendo uma no solo e uma no sub-bosque. Comparamos a riqueza de espécies entre transectos de borda e interior e entre transectos de diferentes lados dos dutos pelo teste de Mann-Whitney. Para avaliar o efeito de borda e efeito barreira na estrutura de comunidades, geramos matrizes de dissimilaridade de Bray-Curtis entre transectos de cada área separadamente. Posteriormente, testamos a diferença no índice de dissimilaridade entre transectos localizados em lados opostos do duto e aqueles localizados em um mesmo lado pelo teste de Mann-Whitney e comparamos os índices de dissimilaridade entre pares de transectos interior-interior, borda-borda e interior-borda pelo teste de Kruskal-Wallis. Realizamos 544 capturas de 307 indivíduos de sete espécies de marsupiais e seis espécies de roedores. Transectos localizados no interior florestal tenderam a possuir mais espécies que transectos localizados na borda (Z=-2,19, p=0,03) porém não houve diferença significativa na riqueza de pequenos mamíferos entre transectos localizados em lados opostos do duto. A dissimilaridade entre transectos localizados em lados opostos do duto foi maior do que entre transectos em um mesmo lado da floresta (Z=-2,40; p=0,02). Assim, embora a riqueza de pequenos mamíferos entre fragmentos em lados opostos do duto seja similar, a estrutura das comunidades tende a ser diferente. Isso indica que a faixa de dutos representa uma barreira para a dispersão de ao menos parte das espécies de pequenos mamíferos, fazendo com que ocorra uma mudança na estrutura das comunidades mesmo em áreas afastadas por apenas 20 metros de matriz graminosa. Além disso, não houve diferença significativa na dissimilaridade entre transectos borda-borda, borda-interior e interior-interior, sugerindo que o efeito barreira é mais importante na estruturação de comunidades de pequenos mamíferos do que diferenças na estrutura do hábitat entre borda e interior florestal.

Financiamento:

Petrobrás/Transpetro

Área

Conservação

Autores

Leandro de Oliveira Drummond, Caryne Braga, Juan David Rojas Arias, Fábio Azevedo Khaled, Carlos Ramón Ruiz Miranda, Pablo Rodrigues Gonçalves