11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

ANALISE DA BIOACUMULAÇAO DE METAIS PESADOS NO FIGADO DE MORCEGOS DISPERSORES DE SEMENTES COLETADOS EM AREA DE MINERAÇAO DE BAUXITA EM MG

Resumo:

A exportação de minérios compõe 20% do valor de todas as exportações brasileiras, e por isso, a extração de minérios ocupa um lugar de destaque no país. Apesar disso, a mineração pode gerar degradação da paisagem, poluição e contaminação de recursos hídricos e do solo, entre outros impactos ambientais. A poluição decorrente da mineração acontece devido a liberação de metais potencialmente tóxicos no ambiente. Essa poluição pode afetar a fauna, causando bioacumulação em níveis tróficos e consequente toxicidade nos animais. Diversas espécies de morcegos são parte da fauna silvestre e estão expostos a contaminação por metais pesados via oral, através de frutos e água contaminada. Morcegos frugívoros são especialmente importantes para o ecossistema, onde atuam como dispersores de sementes e polinizadores, contribuindo para reflorestamento e manutenção de biomas, inclusive da Mata Atlântica, que é considerada um hotspot. Sendo assim, nosso estudo teve como objetivo fazer análise de metais no fígado de morcegos frugívoros coletados em área de mineração de bauxita para avaliar a potencial bioacumulação de metais possivelmente tóxicos. Para isso, foram coletados morcegos adultos, machos e fêmeas não grávidas, da espécie Sturnira lilium, em área próxima à mineração de Bauxita em Miraí (MG 21°06’06”S 42°27’39”W) (n=5) e em áreas conservas de Mata Atlântica (Ervália – MG 20°43’39”S 42°25’08”W) (n=6), utilizando-se de redes de neblina. Os animais foram devidamente identificados, imediatamente eutanasiados por meio de guilhotina e o fígado foi retirado e armazenado em freezer -80° até posterior análise. O processo consistiu em secar as amostras em estufa, mineralizar a massa seca em 1,5 mL de mistura de ácido nítrico-perclórico (2:1), retirando completamente a matéria orgânica, o resultante foi completado com água destilada até 10mL e levado ao espectrofotômetro de absorção atômica para determinar as concentrações de Magnésio (Mg), Alumínio (Al), Cálcio (Ca), Cromo (Cr), Ferro (Fe), Cobalto (Co), Cobre (Cu), Cádmio (Cd), Titânio (Ti), Manganês (Mn), Níquel (Ni), Zinco (Zn), Bário (Ba) e Chumbo (Pb). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal de Viçosa (n.10/2021). Em morcegos coletados em Miraí, foi encontrada maior concentração hepática de Ca e Ba em comparação aos da área de Ervália (CTL). O rejeito da lavra de bauxita possui pouco mais de 2% de Óxido de Cálcio (CaO), o que pode justificar o aumento desse metal. Entretanto o Ca é um elemento essencial e necessita de altas concentrações para ser considerado tóxico. O Ba, por sua vez, houve aumento de mais de três vezes entre as médias dos grupos estudados e é um metal altamente tóxico que é encontrado em rochas e pode se tornar biodisponível devido à processos de erosão intensificados pela mineração. A partir destes resultados, pode-se afirmar que, em comparação com os morcegos do grupo controle, os coletados próximos a área de mineração apresentam maiores concentrações hepáticas de Ca e Ba, que podem gerar bioacumulação e afetar diretamente diversos processos fisiológicos e comprometer a saúde destes animais.

Palavras-chave: Sturnira lilium, ecossistema, ecotoxicologia, conservação, poluentes, minério

Financiamento:

Área

Conservação

Autores

Diogo Dutra Simão, Ana Luiza Fonseca Destro, Deborah Cardoso Gonçalves, Thaís Alves Silva, Thaís Ribeiro de Miranda, Kemilli Pio Gregório, Vinicius Melo Silva, Juraci Alves de Oliveira, Hernando Baggio Filho, Mariella Bontempo Freitas