Dados do Trabalho

Título:

Nicho ecológico potencial de quatro espécies de Alouatta (Primates, Atelidae) no Brasil

Resumo:

Alouatta é um gênero de primata essencialmente folívoro-frugívero adaptado a viver em diferentes fitofisionomias ao longo de toda a América latina. No Brasil, as espécies pertencentes a este gênero habitam todos os biomas e apresentam ampla distribuição no território nacional. Contudo, muitas dessas espécies apresentam sobreposições de suas áreas de distribuição geográficas. Tais sobreposições de nicho ou zonas de contato podem afetar diretamente as suas interações, resultando em eventos de hibridação e competição por recursos ou espaço. O uso de algoritmos matemáticos para a identificar o nicho ecológico potencial das espécies e potenciais áreas de sobreposição podem gerar informação muito importantes para a conservação desses primatas. Isso permite compreender melhor que tipo de ambiente cada espécie utiliza, em quais regiões existe sobreposição de nicho com outras espécies e quais as possíveis relações entre as mesmas. Assim, nós buscamos avaliar o nicho ecológico potencial de quatro espécies de primatas do gênero (A. belzebul, A. caraya, A. guariba, A. ululata), identificar a sobreposição de nicho entre elas e propor medidas para a conservação com base nessas informações. Estas quatro espécie se distribuem em grande parte do pais: A. belzebul – Norte e Nordeste; A. caraya – Norte, Nordeste, Sudeste e Sul; A. guariba – Sul e Sudeste; A. ululata – Nordeste. Assim, nós utilizamos dados de ocorrência das espécies associados à dados ambientais e climáticos para criar modelos de nicho ecologico (MNE ou Ecological Niche Modeling – ENM). Para cada espécie, os modelos foram criados utilizando diferentes algoritmos e ao final foi gerado modelo consenso final entre os algoritmos (Ensemble). Os modelos foram avaliados por meio dos métodos de Área sob a curva ROC (AUC) e True Skill Statistic (TSS). A sobreposição de nicho entre as espécies foi verificada utilizando o pacote ENMTools do software R. Os modelos de todas as espécies obtiveram excelentes valores de AUC (variou entre 0,639 e 0,999) e TSS (variou entre 0,278 e 0,997). A maior sobreposição ocorreu entre A. caraya e A. guariba (D=0,66; I=0,881) e as menores entre A. belzebul e A. caraya (D=0,455; I=0,749) e A. belzebul e A. guariba D=0,464; I= 0,738). Alouatta ululata e A. caraya apresentaram valores medianos de equivalência de nicho usado, mas mantêm um valor elevado de similaridade de nicho (D=0,579; I=0,850). Já A. ululata e A. belzebul apresentam valores medianos de equivalência de nicho usado e similaridade de nicho (D=0,523; I=0,815). Nós esperávamos uma grande sobreposição de nicho entre A. caraya e A. guariba devido os estudos existentes sobre hibridação e contato entre as espécies. Contudo, acreditávamos que entre A. ululata e A. belzebul poderia existir uma sobreposição ainda maior de nicho ecológico potencial, pois as duas espécies estão muito próximas geograficamente. De um modo geral, há grande sobreposição de nicho potencial entre as espécies estudadas e essas informações poderão direcionar políticas públicas. Os mapas gerados com estas análises servirão para localizar as possíveis áreas de hibridação ou competição por alimento e espaço.

Financiamento:

Rufford Foundation, CAPES, FACEPE, CNPQ,

Área

Ecologia