Dados do Trabalho

Título:

IMPLICAÇOES TAXONOMICAS E GEOGRAFICAS DA VARIAÇAO MORFOLOGICA CRANIANA EM PSEUDORYZOMYS SIMPLEX (RODENTIA, SIGMODONTINAE)

Resumo:

Pseudoryzomys simplex (Winge, 1887) é um Orizomíneo de hábito terrestre de pequeno a médio porte. Apresenta ampla distribuição do nordeste da Argentina, Oeste do Paraguai, leste da Bolívia ao leste do Brasil. Apesar disso, é considerado raro com baixas taxas de captura. Os relatos de ocorrência vêm aumentando devido à grande quantidade de despojos encontrados em egragópilos de corujas. P. simplex sugere um desconhecimento sobre sua biologia, pois através de dados bibliográficos é possível notar que as populações apresentam variação morfológica no tamanho corporal. Devido ao baixo número em coleções científicas essas variações ainda não foram bem estudadas. Neste estudo avaliamos se há variações morfológicas intraespecíficas significativas e se estas estão associadas com a distribuição ao longo dos domínios morfoclimáticos. Para a morfometria, o crânio foi escolhido por a estrutura mais resistente. Foram medidos com paquímetro digital de precisão 0,1 e imagens digitais das vistas ventral, lateral e dorsal foram obtidas. Os pontos anatômicos (landmarks) foram inseridos pelo TPS Dig (versão 1.67) e as análises geométricas realizadas através do software TPS Relw (versão 1.67). As análises estatísticas multivariadas foram feitas com o PAST (versão 3.14). A fim de minimizar os efeitos alométricos de padrão de crescimento, fortemente presente em pequenos mamíferos, apenas indivíduos adultos foram incluídos nas análises, ainda diante da ausência de dimorfismo sexual descrita para a espécie, ambos os sexos foram válidos. Vinte e três amostras provenientes do Museu Nacional e do Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios da FioCruz foram analisadas. Através da análise de componentes principais foi possível estabelecer vinte e dois componentes de deformação (CP), onde quatro foram selecionados como significativos. Sendo estes, CP1 - Caixa craniana (28%), CP2 – Largura, comprimento e posição dos molares (17%), CP3 – Forame Incisivo (13%) e CP4 – Osso nasal (8%). Pela análise de funções descriminantes, quatro grupos foram bem delimitados e distintos entre si (Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Ecótono Cerrado-Amazônia) com suporte de 95%. Dois espécimes provenientes da Amazônia permaneceram separados no morfoespaço. Em áreas de maior cobertura florestal ocorreu o estreitamento da porção posterior da caixa craniana acompanhado da largura do arco zigomático e afunilamento do osso nasal, com exceção dos espécimes amazônicos que não estabeleceram padrão. Os espécimes de caatinga e cerrado demonstraram crânio significativamente mais robusto e posição dos molares mais lateral aos demais, além de uma fileira mais comprida e larga. Apesar da descrição dos foramens incisivos ser até a margem anterior das fileiras molares, nas áreas de maior vegetação esse limite excedeu, atingindo o Paracone do primeiro molar. Mesmo que preliminares esses resultados esclarecem melhor as variações ocorrentes em P. simplex no Brasil, aportando maiores evidências para sustentar a hipótese de se tratar de um complexo de espécies. Entretanto, maior número amostral deve ser levantado para análises mais robustas.

Financiamento:

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Área

Sistemática e Taxonomia