11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

PADROES DE DENSIDADE POPULACIONAL DA ORDEM CARNIVORA NO NEOTROPICO: UMA REVISAO FOCADA EM ESPECIES BRASILEIRAS

Resumo:

A latitude está associada a variáveis ambientais que determinam padrões de biodiversidade, como a densidade populacional. Nós hipotetizamos que a densidade de espécies da Ordem Carnivora é maior em latitudes menores, possivelmente devido ao aumento na produtividade primária e, consequentemente, na quantidade de presas. Foi feita uma revisão bibliográfica de artigos publicados entre os anos 2000 e 2022, com o objetivo de: I) compilar dados sobre a densidade das espécies de carnívoros que ocorrem no Brasil; II) analisar se a latitude, precipitação média anual e temperatura são preditores de densidade de carnívoros brasileiros, que possuem distribuição além do território nacional. Foram selecionados 87 artigos de 22 espécies em 14 países, totalizando 156 estimativas de densidade, sendo que 86 (55%) se referiram apenas a três espécies: Panthera onca, Leopardus pardalis e Puma concolor. Foram realizados testes de Correlação de Pearson entre a densidade e as variáveis preditoras. Não encontramos relação entre a densidade estimada e os valores de latitude, precipitação e temperatura para a Ordem Carnivora (temperatura: p = 0.540, τ = -0.033; precipitação: p = 0.085, τ = 0.092; latitude: p = 0.919, τ = -0.006). Esse resultado pode ser explicado pelo fato de que muitas espécies apresentam distribuição restrita a América do Sul, em latitudes médias, ou, ainda, pelo fato de existirem poucas estimativas de densidade para a maioria das espécies de carnívoros. Ao contrário, quando testados separadamente, P. onca e P. concolor apresentaram correlação negativa da densidade com a latitude (p = 0,015, τ = -0.284 para P. onca; p = 0.021, τ = -0.399 para P. concolor) e correlação positiva com a temperatura (p = 0.036, τ = 0.244 para P. onca; p = 0.045, τ = 0.341 para P. concolor), sendo a produtividade primária um bom preditor para a densidade de ambas espécies. Já para L. pardalis não se encontrou relação da densidade com nenhuma das variáveis (temperatura: p = 0.18, τ = -0.18; precipitação: p = 0.56, τ = 0.078; latitude: p = 0.925, τ = 0.013), o que sugere que fatores locais, como vegetação, relações inter- ou intraespecíficas, são mais importantes para abundância, ocorrência e densidade desses animais. Existe uma lacuna de conhecimento sobre a distribuição e densidade de espécies de carnívoros que ocorrem no Brasil, sendo a maioria dos estudos voltados a grandes felinos, o que dificulta a visualização de padrões macrogeográficos para a Ordem. Por outro lado, a produtividade primária se mostra um bom preditor para a densidade da onça-pintada e do puma, que pode também sofrer influência de outros fatores que alteram os padrões locais de densidade, como a antropização e relações interespecíficas.

Palavras-chave: latitude; produtividade primária; carnívoros brasileiros; antropização; padrões macrogeográficos

Financiamento:

Área

Ecologia

Autores

Maria Clara da Silveira, Ilanna Maria Holanda Almeida, Claysson Henrique de Aguiar Silva, Maurício Silveira, Ludmilla Moura Souza Aguiar