Dados do Trabalho

Título:

RESPOSTAS TAXONOMICAS E FUNCIONAIS DAS ASSEMBLEIAS DE MORCEGOS FILOSTOMIDEOS EM UMA PAISAGEM NATURALMENTE FRAGMENTADA NA AMAZONIA ORIENTAL BRASILEIRA

Resumo:

Palavras-chave: Diversidade funcional, filtro ambiental, relação traço-ambiental, savana amazônica.

A Floresta Amazônica é composta por um mosaico de diferentes habitats que incluem florestas alagáveis, de terra-firme, ecossistemas de areia branca e savanas. A alta riqueza de espécies de morcegos é característica de todos estes ambientes. Apesar de ocuparem cerca de 7% da Amazônia brasileira, a savana amazônica é um mosaico de ambientes relativamente pouco estudado, vulnerável às mudanças no uso da terra e negligenciado em iniciativas de conservação, apesar do potencial de ocorrência de mais de 100 espécies de morcegos. Investigar a estrutura de comunidades em paisagens naturalmente fragmentadas pode fornecer novos insights sobre os impactos da fragmentação de habitat nas assembleias de morcegos. Nosso estudo investigou as respostas taxonômicas e funcionais das assembleias de morcegos filostomídeos em uma paisagem naturalmente fragmentada formada por floresta contínua e fragmentos florestais cercados por savana, em Alter do Chão, no estado do Pará. A amostragem incluiu 5 áreas de floresta contínua, 11 fragmentos florestais e 11 savanas, totalizando um esforço amostral de 5.678 horas-rede (mnh), sendo 1.463 mnh em áreas de floresta contínua, 2.246 mnh em fragmentos florestais e 1.969 mnh em áreas de savana. Nós avaliamos os efeitos da cobertura de floresta de terra firme, savana e vegetação secundária quantificados de um buffer de 500 m de raio a partir do ponto central da linha de redes na diversidade taxonômica e funcional e na singularidade funcional da assembleia de morcegos. A interação entre os traços funcionais, características ambientais e a distribuição das espécies foi investigada usando uma combinação das análises RLQ e fourth-corner. Nossos resultados mostraram que os fragmentos florestais mostraram menor diversidade taxonômica, mas abrigaram assembleias funcionalmente mais e com características funcionais únicas. Encontramos que a composição das espécies depende tanto da estrutura espacial da paisagem local quanto dos traços funcionais das espécies. Morcegos do sub-bosque e com dieta nectarívora foram associados a florestas contínuas, enquanto morcegos onívoros e que forrageiam no dossel da floresta foram associadas às savanas. Além disso, observamos uma relação entre os morcegos insetívoros apanhadores e os fragmentos florestais. A relação entre os morcegos insetívoros e fragmentos florestais encontrada no nosso estudo diverge dos resultados encontrados em paisagens fragmentadas por ação antrópica, nos quais esse grupo de morcego parece ser o mais vulnerável ao processo de fragmentação. Nossos resultados evidenciam a importância da matriz de savana para manter a diversidade e a singularidade funcional e a manutenção dos serviços ecossistêmicos nos fragmentos florestais, visto que as mudanças no uso da terra podem alterar a permeabilidade da matriz e, consequentemente, o fluxo de traços funcionais entre a floresta contínua e fragmentos.

Financiamento:

Área

Ecologia