11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

DISTRIBUIÇAO E AVALIAÇAO DE RISCO DE EXTINÇAO DA ESPECIE DE VEADO-MATEIRO MAZAMA RUFA (ILLIGER 1815) RECEM PROPOSTA PARA O BRASIL.

Resumo:

O veado-mateiro (Mazama americana Erxleben, 1777) é considerado um complexo de espécies crípticas cuja incerteza taxonômica sempre representou um fator limitante para avaliação do seu risco de extinção, sendo o táxon considerado como dados deficientes nas avaliações da IUCN e do Brasil. No ano de 2021 foi proposta a revalidação da espécie Mazama rufa (Illiger, 1815), sendo ela delimitada como a população de número diploide 2 n= 52 e FN =56 dentro do complexo críptico. Uma avaliação preliminar de distribuição apontou que a espécie não estaria restrita à Mata Atlântica, como inicialmente pensado, mas também se estenderia pelo Cerrado e Pantanal. O presente trabalho avançou na identificação molecular de amostras coletadas de forma não invasiva para compreensão da distribuição geográfica da espécie que, juntamente com outros dados da literatura, permitiu a avaliação do seu risco de extinção. Foram coletadas e identificadas geneticamente 680 amostras fecais em 30 localidades e 63 tecidos de animais atropelados ou abatidos em 4 localidades no centro-oeste brasileiro. Após uma triagem inicial, a identificação da espécie foi realizada através da amplificação e sequenciamento de cinco regiões mitocondriais, incluindo parte do gene CytB, ND5 e da região controle Dloop. A análise filogenética dessas regiões concatenadas (1103 pb) foi feita por inferência Bayesiana dentro do pacote BEAST juntamente com amostras de referência. A avaliação do risco de extinção foi baseada na metodologia da IUCN estabelecida no Guidelines 3.1, sendo testados os critérios A e B e considerado um intervalo de geração de 5 anos para a espécie. Para avaliação do critério A, o declínio populacional foi inferido a partir da redução de áreas florestais na extensão de ocorrência da espécie obtida com dados da coleção 6 do MapBiomas. Para avaliação do critério B, a extensão de ocorrência foi calculada através de um MPC dos pontos de ocorrência acrescido de um buffer de 100km. Já a extensão de ocupação foi inferida de forma conservadora a partir da soma das áreas florestais em UCs de ocorrência confirmada. A espécie M. rufa teve sua identificação confirmada em 18 localidades (12 UCs), sendo estimada uma extensão de ocorrência de 1.757.521 km² e uma extensão de ocupação de no mínimo 4.451 km². O declínio populacional inferido perante o declínio de áreas florestais foi de 2,53% em 15 anos. O uso desses dados, mesmo que de forma conservadora, não permite o enquadramento da espécie em uma categoria de ameaça de extinção perante os limites estabelecidos na IUCN. No entanto, sugere-se precaução e estudos que possam quantificar o impacto de fatores de ameaça à espécie como caça, ataque por cães domésticos, perda de qualidade de habitat e risco de enfermidades transmitidas por ungulados domésticos. Ressaltamos que a inclusão da inferência sobre o impacto de outros fatores pode alterar a indicação de declínio. Esse resultado constitui um primeiro passo de proposição dentro do processo de avaliação oficial da lista vermelha brasileira, que ainda necessita de avaliação em oficina com outros especialistas e revisão independente por autoridades no método.

Financiamento:

Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

Área

Conservação

Autores

Pedro Henrique Faria Peres, Márico Leite Oliveira, José Maurício Barbanti Duarte