11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

ALTERAÇOES NO BALANÇO OXIDATIVO NO MUSCULO DE MORCEGOS ARTIBEUS LITURATUS COLETADOS EM UMA AREA COM MINERAÇAO DE FERRO

Resumo:

A mineração de ferro é uma das principais atividades ligada ao desenvolvimento socioeconômico do Brasil. Em 2020, o país foi o segundo maior produtor mundial de minério de ferro. Entretanto, a extração do minério de ferro pode liberar metais potencialmente tóxicos e bioacumalativos causando impactos negativos sobre a biodiversidade local. Dessa forma, a mineração de ferro pode ameaçar importantes animais como os morcegos. Os morcegos são animais que prestam importante serviço ecológico atuando como polinizadores de inúmeras espécies florestais e como dispersores de sementes ajudando no reflorestamento ambiental de áreas degradadas. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os impactos da mineração de ferro através da determinação de marcadores bioquímicos de estresse oxidativo presentes no músculo peitoral de Artibeus lituratus coletados em uma área com mineração de ferro. Os morcegos machos adultos (n=8/grupo) foram coletados, com auxílio de redes de neblina, em área conservada de Mata Atlântica (Ervália – MG) – Grupo Controle (CTL) e nas proximidades da Mineradora de Ferro do Brucutu (São Gonçalo do Rio Abaixo – MG) – Grupo Área com Mineração (AM). Após as coletas os animais foram eutanasiados e fragmentos do músculo peitoral foram retirados, congelados e estocados em freezer -80 ºC. Os fragmentos foram homogeneizados, centrifugados e o sobrenadante foi destinado às análises da atividade enzimática da catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD) e GST (glutationa S-Transferase), dos níveis de óxido nítrico (NO), do poder antioxidante de redução do ferro (FRAP), e da peroroxidação lipídica através do biomarcador malondialdeído (MDA) e o pellet foi utilizado para a determinação do biomarcador de estresse oxidativo proteína carbonilada (PC). Nossos resultados mostraram uma diminuição na atividade enzimática da SOD e GST nos animais do grupo AM, e também aumento de PC, comparados com os animais do grupo CTL. A SOD e GST são importantes enzimas antioxidantes. Elas formam uma rede de defesa combatendo espécies reativas de oxigênio/nitrogênio (ROS/RNS). A SOD atua decompondo radicais superóxidos (O2•−) em peróxido de hidrogênio (H2O2) e a GST é uma superfamília de enzimas que atua na desintoxicação celular contra xenobióticos. Durante o estresse crônico, as enzimas antioxidantes podem sofrer exaustão enzimática e diminuir a atividade enzimática antioxidante. A diminuição da atividade enzimática pode atrapalhar o equilíbrio entres as ROS/RNS e as enzimas antioxidantes, ocasionando o aumento de radicais livres e consequentemente, danos celulares oxidativos. Nossos resultados também mostraram um aumento nos níveis de PC nos animais do grupo AM comparados com os animais do grupo CTL. Esse aumento mostra que um dano oxidativo pode ter acontecido nas proteínas celulares musculares em decorrência do estresse oxidativo. Em conclusão, nosso estudo demonstra que morcegos frugívoros coletados em uma área de mineração de ferro apresentaram maior estresse oxidativo nas células musculares peitorais quando comparados com morcegos da mesma espécie coletados em uma área sem mineração.

Palavras chave: Ecotoxicologia, Estresse Oxidativo, Metais, Quirópteros

Financiamento:

FAPEMIG, CAPES e CNPq

Área

Conservação

Autores

Kemilli Pio Gregório, Ana Luiza Fonseca Destro, Deborah Cardoso Gonçalves, Thaís da Silva Alves, Jean Felipe Fogal Zen, Jerusa Maria de Oliveira, Guilherme Sinciato Terra Garbino, Reggiani Vilela Gonçalves, Mariella Bontempo Freitas