11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

EFEITOS POTENCIAIS DA EXTRAÇAO DE FERRO SOBRE O ESTRESSE OXIDATIVO HEPATICO DE MORCEGOS FRUGIVOROS DA MATA ATLANTICA

Resumo:

O Brasil é o 2° maior país exportador de Ferro. Contudo, estudos sobre impactos desta mineração em cadeias tróficas são escassos. Metais pesados são encontrados naturalmente em minérios, sendo liberados por processos intempéricos, erosão e, portanto, pela atividade mineradora. A bioacumulação de metais pesados liberados pode afetar toda cadeia trófica, dada a toxicidade e persistência ambiental. Entre os animais afetados estão os morcegos. Morcegos são mamíferos essenciais para múltiplos serviços ecossistêmicos como a polinização, dispersão de sementes e controle de pragas agrícolas. Neste estudo, foram avaliados os efeitos da mineração ferrífera no balanço redox hepático de morcegos frugívoros. Para tal, foram coletados com redes de neblina machos e fêmeas não-grávidas adultas do gênero Artibeus , em área de mineração ferrífera (G1) próxima ao município de São Gonçalo do Rio Abaixo - MG (n=10) e, para o grupo referência (CTL), em área conservada de Mata Atlântica (n=9) no município de Ervália. O projeto foi aprovado pela CEUA-UFV (número 10/2021). Os espécimes foram identificados e imediatamente eutanasiados. O fígado foi removido e congelado em nitrogênio líquido antes de ser transferido para um ultrafreezer até análise. Para quantificar os biomarcadores do balanço redox, o órgão foi homogeneizado com tampão fosfato e centrifugado. O sobrenadante foi utilizado para analisar óxido nítrico (NO), atividade enzimática da superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa-S-transferase (GST), atividade antioxidante total (FRAP) e peroxidação lipídica (MDA) e proteína total (PT). O pellet foi empregado para quantificar as proteínas carboniladas. Os grupos foram comparados por meio do teste t de Student. Como resultado, demonstrou-se aumento da atividade de SOD, CAT, GST e MDA e redução de PT no grupo G1 em relação ao grupo CTL. A exposição a poluentes pode induzir um aumento na produção de espécies reativas, em resposta a atividade de enzimas antioxidantes tende a aumentar para auxiliar a inibi-lo , em busca de equilíbrio, como foi observado nas enzimas SOD, CAT e GST. A SOD atua na fase I da defesa antioxidante catalisando a dismutação do radical superóxido em H2O2, detoxificando o xenobiótico, e a CAT atua sequencialmente convertendo H2O2 em H2O. A GST é importante na eliminação do xenobiótico pois atua ligando-se e tornando-o mais solúvel. Quando as enzimas antioxidantes são incapazes de atenuar as espécies reativas em formação, ocorre estresse oxidativo, muitas vezes observado em exposições crônicas à poluentes. O MDA, resultante da peroxidação lipídica, teve sua produção aumentada no grupo da área de exploração de minério, reforçando que esses animais estão sofrendo estresse oxidativo hepático possivelmente em decorrência a exposição à metais e/ou metaloides. A queda nos níveis de PT corrobora com a indicação de dano tecidual, pois pode ser uma resposta à baixa síntese de proteínas ou aumento na sua degradação. Portanto, nossos resultados indicam que os morcegos coletados em área de mineração de Ferro apresentaram maior estresse oxidativo hepático quando comparados a animais do fragmento preservado.


Artibeus lituratus; metais-pesados; ecotoxicologia; hepatotoxicidade; conservação.

Financiamento:

CAPES e CNPq

Área

Fisiologia

Autores

Thaís da Silva Alves, Ana Luiza Fonseca Destro, Deborah Cardoso Gonçalves, Kemilli Pio Gregório, Guilherme Siniciato Terra Garbino, Jerusa Maria de Oliveira, Mariella Botempo Freitas