11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

ANILHAS METALICAS COMO METODO DE MARCAÇAO DE MORCEGOS – TAXAS DE RECAPTURA, INJURIA E OUTROS PADROES EM UM ESTUDO DE LONGO PRAZO NA MATA ATLANTICA

Resumo:

Diferentes métodos de marcação de morcegos são descritos na literatura e a utilização de anilha no antebraço é uma das técnicas mais utilizadas em estudos populacionais nos Neotrópicos. Assim como outros métodos que podem causar injúrias nos indivíduos, as anilhas possuem ressalvas ao seu uso. Neste estudo, apresentamos informações sobre a marcação de morcegos com anilhas metálicas durante um estudo de longo prazo no bioma Mata Atlântica. Os morcegos foram capturados na Reserva Natural Salto Morato (RNSM), litoral norte do Paraná, sul do Brasil. Realizamos amostragens entre os anos de 2013 e 2022, de modo não consecutivo, sendo: amostragens mensais de setembro de 2013 à agosto de 2014, durante seis noites utilizando 18 redes em cada noite e; amostragens semestrais entre janeiro de 2019 e março de 2022, durante 15 noites em cada campanha, utilizando 10 redes em cada noite. As redes foram vistoriadas em intervalos máximos de 20 minutos e os morcegos capturados foram alocados em sacos individuais de contenção e encaminhados para base de campo, onde foi realizada a identificação taxonômica, biometria e marcação. Utilizamos anilhas de alumínio com diferentes diâmetros (3,5mm; 4,0mm; 4,5mm e 6,0mm), confeccionadas sob encomenda, com corte a laser e com todas as bordas com formato arredondado. Para colocação das anilhas utilizamos alicate do mesmo fabricante, o que garantiu a padronização no fechamento das anilhas. Nos eventos de recaptura registramos a integridade da anilha e a presença ou não de injúria nos indivíduos. Obtivemos 2.559 capturas de 33 táxons com 442 recapturas (17,27%) de 10 espécies (Carollia perspicillata: 34,84% de recaptura; Sturnira tildae: 29,03%; Artibeus obscurus: 15,60%; Sturnira lilium: 15,38%; Trachops cirrhossus: 13,33%; Artibeus fimbriatus: 11,64%; Dermanura cinerea: 10,31%; Artibeus lituratus: 7,91%; Anoura caudifer: 7,70% e Platyrrhinus recifinus: 3,64%). As maiores taxas de injuria foram para Trachops cirrhossus (50% em duas recapturas); Anoura caudifer (12,50% em oito recapturas) e Carollia perspicillata (11,46% em 192 recapturas). Registramos sete anilhas danificadas em três espécies (Artibeus fimbriatus N=1; Artibeus obscurus N=4; Carollia perspicillata N=2). Artibeus fimbriatus e Artibeus obscurus tiveram os indivíduos com maior intervalo entre captura e recaptura (71 e 58 meses, respectivamente). A alta taxa de recaptura de Carollia perspicillata e Sturnira tildae pode estar relacionado ao fato destas espécies apresentarem alta fidelidade as suas áreas de forrageamento. Com exceção de Trachops cirrhossus, todas as espécies que com injúrias causadas pelas anilhas são de morcegos de pequeno porte. Assim, o tamanho da anilha (3,5mm à 4,0mm para os menores) pode ser a causa das injúrias, indicando que um diâmetro maior possa ser necessário para tais espécies. Por fim, a recaptura após 71 meses indica que a marcação com anilhas pode fornecer informações importantes sobre longevidade das espécies, assim como de possíveis deslocamentos e migrações. A etapa seguinte do estudo incluirá modelar o tamanho ideal de anilhas para cada espécie com base em dados morfológicos e tamanho de anilha dos indivíduos do Gênero Artibeus, grupo com menor frequência de injurias.
Palavras-chave: monitoramento, Chiroptera, longevidade

Financiamento:

Fundação Grupo Boticário

Área

Ecologia

Autores

Fernando Carvalho, Daniela Aparecida Savariz Bôlla, Karolaine Porto Supi, André Francisco Moraes, Luana da Silva Biz, Beatriz Fernandes Lima Luciano