11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

MORCEGOS (CHIROPTERA) E SEUS ECTOPARASITOS (ACARI E INSECTA) EM FRAGMENTO FLORESTAL NA CIDADE DE SAO PAULO, SP, BRASIL

Resumo:

Parques urbanos podem representar um refúgio para a vida silvestre. Conhecemos a fauna de morcegos associada a ambientes urbanos, mas o mesmo não acontece para seus ectoparasitos. O estudo foi realizado no Parque do Instituto Butantan, um parque urbano na cidade de São Paulo, com 80 hectares dos quais 62% são cobertos por vegetação secundária e exótica. Realizamos 17 noites de amostragem entre 2016 e 2018. Seis redes de neblina foram armadas por seis horas após o pôr-do-sol. Acondicionamos os ectoparasitos em etanol 70%. Capturamos 10 espécies de quirópteros pertencentes a três famílias: Artibeus lituratus, Artibeus fimbriatus, Artibeus obscurus, Carollia perspicillata, Sturnira lilium, Sturnira tildae, Glossophaga soricina, Histiotus velatus, Myotis riparius e Platirrhynus lineatus. Dos 249 morcegos, 66 apresentaram parasitos (26%). Coletamos 103 Streblidae (Diptera) de ao menos nove espécies: Paratrichobius longicrus (n=48), Megistopoda proxima (n=27), Megistopoda aranea (n=12), Aspidoptera falcata (n=9), Aspidoptera phyllostomatis (n=2), Trichobius joblingi (n=2), Trichobius complexo parasiticus (n=1), Trichobius dugesioides (n=1) e Metelasmus pseudopterus (n=1). Quanto aos ácaros (subclasse Acari) identificamos três espécies de Parichoronyssus euthysternum (n=19), Steatonyssus sp (n= 5), Parichoronyssus sp (n=3) e Macronyssidae: Macronyssoides kochi (n=1). Da família Spinturnicidae, identificamos Periglischrus iherigji (n=17) parasitando A. fimbriatus, A. lituratus, P. lineatus, S. lilium e S. Tildae; P. ojasti (n=14) encontramos em A. lituratus, S. lilium e S. tildae; por fim, encontramos Periglischrus sp (n=10) em A. fimbriatus e S. lilium. Registramos também um espécime de Cheyletidae sobre P. lineatus, e de Chirnyssoides sp. (Sarcoptidae) e Psoroptidae sobre S. lilium. As espécies e relações encontradas para Streblidae não diferem das descritas na literatura. Estudos de ectoparasitos de morcegos se concentram principalmente nas famílias Streblidae, Nycteribiidae, Macronyssidae e Spinturnucidae, e mesmo para essas famílias ainda existem muitas lacunas de informações. Registros mais raros são das famílias Cheyletidae, Psoroptidae e Sarcoptidae, provavelmente devido à falta de especialistas nestes grupos. Não existem listas publicadas com registros de ácaros parasitos de morcegos para o estado de São Paulo. Os Cheyletidae, embora comuns em animais domésticos, costumam ser pouco estudados em mamíferos silvestres. No Brasil, essa família foi relatada em Tadarida brasiliensis. Psoroptidae foram coletados em morcegos da família Vespertilionidae na Europa, mas não no Brasil. Parques urbanos servem de refúgio para espécies de quirópteros comuns em ambientes urbanos, como é o caso dos gêneros Artibeus e Sturnira. Todavia, essas regiões podem guardar uma rica fauna de ectoparasitos relacionados a esses hospedeiros e ao ambiente urbano. Com dez espécies de morcegos registradas encontramos representantes de seis famílias e pelo menos 18 espécies de ectoparasitos, algumas delas raramente relatadas na literatura. Este estudo adiciona registros de ácaros de morcegos para o estado de São Paulo e de Psoroptidae para o Brasil, além de mostrar a importância de levantamento de espécies em áreas urbanas.

Financiamento:

Processo 2017/25123-9 - FAPESP

Área

Parasitologia/Epidemiologia

Autores

Amanda de Oliveira Viana, Erika Hingst-Zaher, Elizabete Captivo Lourenço