11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

DANOS HISTOLOGICOS HEPATICOS EM MORCEGOS FRUGIVOROS QUE OCORREM EM AREAS DE MINERAÇAO DE BAUXITA NO ESTADO DE MINAS GERAIS

Resumo:

Nos últimos anos, o Brasil esteve entre os três primeiros produtores de minério de bauxita no mundo. Em 2020, o país arrecadou R$ 4,5 bilhões com a mineração de bauxita. Contudo, o avanço econômico dessa atividade pode estar atrelado a um possível risco ambiental. Dentre os riscos ambientais da atividade mineradora de bauxita está a liberação de produtos como metais não biodegradáveis, com potencial toxicidade mesmo em baixas concentrações para a vida silvestre e que podem bioacumular ao longo dos níveis tróficos. Assim, é necessário um monitoramento dos efeitos da atividade mineradora em espécies-chave do ecossistema, como morcegos. Os morcegos desempenham papel crucial na dinâmica de biomas Neotropicais, atuando no reflorestamento ambiental, inclusive da Mata Atlântica, que é considerada um hot spot. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar alterações teciduais hepáticas em morcegos coletados em uma área com mineração de bauxita. Morcegos Sturnira lilium machos adultos (n=6/grupo) foram coletados, com auxílio de redes de neblina, em área conservada de Mata Atlântica (Ervália – MG) – Grupo Controle (CTL) e nas proximidades da Mineradora de Bauxita em Miraí (Miraí – MG) – Grupo Área com Mineração (AM). Após as coletas, os animais foram eutanasiados e o fígado foi retirado, fixado em Karnovisky e submetido ao processamento histológico rotineiro de inclusão em resina, seguido de microtomia. Posteriormente, os cortes nas lâminas foram corados com Hematoxilina e Eosina. Foi observado diminuição na quantidade de núcleo e citoplasma de hepatócitos no grupo coletado na região com mineração comparado ao grupo controle. Essa diminuição sugere que morcegos frugívoros coletados em área de mineração apresentam alterações na morfologia do tecido hepático. Foi observado também maior incidência de congestão vascular e infiltrados inflamatórios no grupo da área com mineração comparada ao grupo controle. Esse aumento é um indício de que o tecido está sofrendo um processo inflamatório possivelmente decorrente da exposição a contaminantes, como metais pesados. Em processos inflamatórios, o tecido aumenta a vascularização no local atingido e assim facilita a migração de células de defesa, como foi observado no aumento da presença de infiltrado inflamatório. Em conclusão, o estudo demonstra que morcegos frugívoros coletados em área de mineração de bauxita apresentam um aumento nos danos hepáticos comparado a morcegos da mesma espécie coletados em área controle de Mata Atlântica, sendo possível que essas alterações estejam atreladas a poluentes liberados pela atividade mineradora local.

Palavras-chave: Ecotoxicologia, Fígado, Histopatologia, Metais, Sturnira lilium

Financiamento:

FAPEMIG, CAPES e CNPq

Área

Conservação

Autores

Kemilli Pio Gregório, Ana Luiza Fonseca Destro, Deborah Cardoso Gonçalves, Thaís da Silva Alves, Jean Felipe Fogal Zen, Jerusa Maria de Oliveira, Guilherme Sinciato Terra Garbino, Reggiani Vilela Gonçalves, Mariella Bontempo Freitas