11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

RELATO DE MANEJO DE COLONIA DO MORCEGO TADARIDA BRASILIENSIS EM CONSTRUÇAO NO EXTREMO SUL DO BRASIL: EXCLUSAO E DISPONIBILIZAÇAO DE ABRIGO ARTIFICIAL

Resumo:

Algumas espécies de morcegos são oportunistas no uso e seleção de abrigos podendo utilizar construções humanas. Esse comportamento pode gerar conflitos com humanos e seus animais domésticos, deterioração de construções, mortalidade e impactos em populações de morcegos. Desta forma, em certas situações, há necessidade de manejo e exclusão de colônias em abrigos. Tadarida brasiliensis (Molossidae, Chiroptera) é uma espécie de morcego insetívora de ampla distribuição geográfica, abundante em áreas rurais e urbanas no sul da América do Sul, onde forma grandes colônias reprodutivas na primavera e verão em construções. A relevância da espécie no controle de populações de insetos, incluindo pragas agrícolas, indica a necessidade de aplicação de técnicas corretas de manejo evitando impactos às populações. O objetivo do estudo é relatar a experiência de exclusão de colônia de T. brasiliensis de construção e a disponibilização de abrigo artificial como compensação ambiental. O trabalho foi realizado em um prédio ainda em construção no Campus Capão do Leão, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no município de Capão do Leão (RS), sul do Brasil. O trabalho de exclusão e construção do abrigo artificial foi realizado no outono de 2020, após o fim da estação reprodutiva da espécie. Os indivíduos estavam alojados nos vãos de dilatação entre as vigas e pilares de concreto no interior dos três andares da estrutura pré-moldada do prédio. A colônia era composta por cerca de 2000 indivíduos, em sua maioria adultos jovens. A exclusão da colônia do prédio foi realizada por indisponibilização do abrigo em duas etapas: 1. foram preenchidos todos os vãos entre vigas e pilares no interior do prédio onde não estavam alojados morcegos, impedindo o deslocamento; e 2. os vãos que eram utilizados efetivamente pelos indivíduos foram sendo preenchidos após os morcegos deixarem o abrigo ao anoitecer até todos os morcegos serem excluídos. O material utilizado para a vedação dos vãos foi espuma utilizada em estofaria e espuma expansível. O trabalho de exclusão foi realizado por equipe da UFPel (com EPIs e roupas especiais) e em nenhum momento houve captura ou contato com os morcegos (protocolo Covid). Um abrigo artificial foi construído ao lado do prédio concomitantemente ao processo de exclusão, compensando a indisponibilização do abrigo e possibilitando a realização de experimento sobre disponibilização de abrigos artificiais. O abrigo artificial (bat house) é uma construção de madeira com telhado de amianto, elevada do solo por pilares de madeira e com aberturas adequadas para acesso dos morcegos. O abrigo está sendo monitorado periodicamente e não há ocupação permanente por uma colônia, apesar de haver sinais de atividade em seu interior. A colônia se deslocou para outros abrigos próximos e para vão de dilatação externos do prédio, que não foram obstruídos. A técnica de manejo aqui descrita e a disponibilização de abrigos artificiais são úteis para o manejo de T. brasiliensis quando a colônia deve ser obrigatoriamente excluída de construção por estar em situação de risco ou devido a conflitos com humanos. Palavras-chave: casa de morcegos (bat house), Chiroptera, conservação, Molossidae, Pampa, Rio Grande do Sul

Financiamento:

Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

Área

Conservação

Autores

Ana Maria Rui