11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

MINERAÇAO DE FERRO NA MATA ATLANTICA PODE OCASIONAR ESTRESSE OXIDATIVO NOS RINS DE MORCEGOS FRUGIVOROS?

Resumo:

O Brasil é um dos maiores produtores de ferro do mundo, atrelado a isso, há impactos ambientais como a liberação de poluentes no ambiente (como alguns metais), desmatamento e destruição do habitat de diversas espécies. A mineração, pode causar diversos prejuízos aos animais silvestres, dentre eles, os morcegos. Morcegos frugívoros são espécie-chave de grande importância para o ecossistema devido ao forrageio por áreas extensas, atuando na dispersão de sementes, portanto, na recuperação de áreas fragmentadas. O Rim é um órgão de extrema importância, pois promove a regulação da pressão arterial, osmolaridade e da homeostase do pH. Além disso, em áreas de atividade antrópica, com possível liberação de poluentes, os rins exercem a excreção dos metabólitos de xenobióticos. O objetivo deste estudo foi avaliar os potenciais efeitos da mineração de ferro nos rins de morcegos frugívoros da Mata Atlântica, pois os rejeitos provenientes dessa prática, pode causar desequilíbrio redox, ou seja, estresse oxidativo. Portanto, foram coletados machos e fêmeas não-grávidas adultas da espécie Artibeus lituratus com rede de neblina. O grupo referência (CLT) foi coletado em Ervália, MG (21°02’02.4”S, 42°35’05.4”W) (n=9), em uma área conservada da Mata Atlântica e o grupo considerado impactado (G1) foi coletado em área de mineração de ferro em São Gonçalo do Rio Abaixo, MG (19º49'38" S, 43º22'50" W) (n=10). Os indivíduos foram identificados e eutanasiados. Os rins foram removidos e congelados em nitrogênio líquido até o armazenamento em ultrafreezer. Para as análises, os rins foram homogeneizados com tampão fosfato e centrifugados. O sobrenadante foi utilizado para as análises de óxido nítrico (NO), superóxido dismutase (SOD) catalase (CAT), glutationa S-transferase (GST), atividade antioxidante total (FRAP), malondialdeído (MDA) e proteína total (PT). O pellet da amostra foi utilizado para a quantificar as proteínas carboniladas (PC). A comparação entre os grupos foi realizada por meio do teste t. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal de Viçosa, sob processo de número 10/2021. Como resultado, foi observado a diminuição do NO, aumento do MDA e das PC do G1 em relação ao CTL. O NO nos rins exerce função modulatória do fluxo sanguíneo. Sendo assim, a diminuição do NO pode indicar hipertensão e vasoconstrição, como alternativa de aumentar o fluxo sanguíneo renal para excreção de xenobióticos. O MDA é um dos produtos finais da peroxidação lipídica e o aumento das PC é um importante marcador de danos em proteínas. O aumento dos níveis de MDA e PC são indicativos de estresse oxidativo. Alguns fatores, como a exposição a poluentes, aumentam a produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (ROS/RNS), que levam ao desequilíbrio redox e consequentemente estresse oxidativo. Esses danos podem comprometer as diversas funções renais, como a desintoxicação. Portanto, os resultados observados indicam que morcegos da área afetada pela mineração apresentaram maiores danos oxidativos renais em relação aos da área conservada de Mata Atlântica.
Palavras-chave: Artibeus lituratus, toxicidade renal, conservação, ecotoxicologia, desbalanço redox, metais potencialmente tóxicos.

Financiamento:

PIBIC/UFV 2021-2022/ CNPq, Capes

Área

Conservação

Autores

Deborah Cardoso Gonçalves, Ana Luiza Fonseca Destro, Mariella Bontempo Freitas, Thaís da Silva Alves, Guilherme Sinciato Terra Garbino, Jerusa Maria de Oliveira, Kemilli Gregório Pio, Thaís Ribeiro de Miranda