11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

ANATOMIA FUNCIONAL E ONTOGENIA POS-NATAL DOS MUSCULOS MASTIGATORIOS DE DIDELPHIS ALBIVENTRIS (DIDELPHIMORPHIA, DIDELPHIDAE)

Resumo:

A alteração ontogenética na alimentação em mamíferos, passando da lactação à alimentação independente, envolve mudanças anatômicas e funcionais no aparato mastigatório. Aqui, investigamos essas mudanças nos músculos adutores da mandíbula em Didelphis albiventris quanto à capacidade de produção de força muscular e à linha de ação idealizada, em quatro classes etárias (C1-C4; de lactantes sem molares eclodidos a adultos com dentição completa). Ao todo dissecamos 15 espécimes e estimamos a origem, inserção e orientação dos complexos masseter, temporal e pterigoideo medial. Os músculos em C2-C4 foram pesados e digeridos em ácido nítrico 30% para a separação das fibras. Medimos 15-30 fibras posteriormente, com paquímetro digital ou no ImageJ, e usamos esses dados para calcular a área de secção transversal fisiológica (PCSA), relacionada a força muscular, com uma densidade muscular constante. O complexo temporal representou a maior parte da massa adutora e PCSA total, com destaque para sua porção profunda em C2 e para a superficial nos estágios seguintes. Individualmente, o pterigoideo interno apresentou sua maior massa e PCSA em C3 e o masseter superficial foi superior na massa ao temporal profundo, mas um pouco menor em C4. Entretanto, a contribuição do temporal profundo na PCSA total ainda foi maior que a do masseter superficial em C3. A anatomia desse músculo, que se origina posteriormente na maxila e se insere no processo angular, parece necessitar de um estiramento maior, refletido no comprimento de fibra. O tamanho da fibra é uma variável inversa à PCSA e isso também ocorre em C4, com a PCSA inferior no masseter superficial comparado com sua porção profunda. A sua linha de ação foi a mais anterior e apresenta uma grande diversidade de fibras, que diminuem sua inclinação quanto mais posterior na mandíbula. Em geral, as linhas de ação aumentaram ao longo do desenvolvimento. O temporal ampliou sua extensão no crânio dorsocaudalmente na fossa temporal e sua inserção tornou-se mais próxima da borda ventral da mandíbula, junto à do masseter profundo, até a formação do suporte posterior da fossa massetérica. Em C1, a inserção representa o principal componente de ação do temporal superficial, o profundo se divide essencialmente num componente mais anterior e outro posterior ao processo coronóide, e o masseter superficial é reduzido. Essa morfologia parece suficiente para a abertura e fechamento mandibular enquanto a língua movimenta o leite durante a amamentação. A orientação mais anterior das fibras diminui até ser perdida no temporal em C4, exceto na inserção da porção superficial. Assim, desde C2 o temporal pode ser representado por mais de uma linha de ação, com uma mais ao topo do processo coronóide e outra participando da parte adutora externa. A mudança para uma musculatura com as distintas partes adutoras parece indicar a generalização do aparelho. O destaque para uma orientação mais posterior do temporal e a contribuição de força (representado pelo PCSA) dos outros adutores sugerem uma maior resistência da mandíbula para forças anteriores, o que pode ser imposto por presas relativamente maiores, com uma mordida mais forte à medida que cresce.

Financiamento:

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Área

Anatomia e Morfologia

Autores

Juann Aryell Francisco de Holanda Abreu, Diego Astúa