11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

EVOLUÇAO MORFOLOGICA DA ESCAPULA E PELVIS DE ROEDORES HYSTRICOMOFOS

Resumo:

Roedores Hystricomorfos compreendem uma das três grandes linhagens de roedores, e correspondem a cerca de 13% de todas as espécies de roedores atuais. Esse grupo apresenta uma longa história evolutiva e uma grande distribuição geográfica, ocupando os continentes Americanos, Africano e parte do Asiático. Esses roedores evoluíram uma grande disparidade morfológica que os permitiu ocupar uma ampla variedade de nichos disponíveis aos roedores, apresentando hábitos locomotores adaptados a ambientes rochosos, arborícolas, terrestres, fossoriais e até semiaquáticos. Essas diferenças ecológicas podem se refletir na morfologia das espécies e, infere-se que houve atuação da seleção natural quando o fenótipo está correlacionado com o ambiente. Estruturas como a escápula e a pélvis são altamente relacionadas ao hábito locomotor das espécies, e poderiam apresentar diferenças morfológicas geradas a partir de diferentes pressões ecológicas. Este trabalho investigou a diversidade morfológica da escápula e da pélvis de roedores Hystricomorfos, através da variação da forma e tamanho dessas estruturas, e relacionou essa variação com atributos ecológicos (hábito locomotor) e com a história evolutiva do grupo. Para isso, fotografamos imagens da escápula e pélvis de 550 indivíduos, que correspondem a 106 espécies, abrangendo aproximadamente 67% dos gêneros de roedores Hystricomorfos. As coletas foram realizadas principalmente na coleção científica do Field Museum of Natural History (Chicago, EUA), mas também em diversas outras coleções nacionais e internacionais. Utilizamos métodos de morfometria geométrica para analisar a forma e o tamanho de ambas as estruturas, e métodos filogenéticos comparativos para calcular o sinal filogenético, e identificar sua relação com o hábito locomotor e história evolutiva através do gráfico do filomorfoespaço. Resultados preliminares demonstraram um baixo sinal filogenético tanto para forma da escápula (K=0.09, P=0.001) quanto da pélvis (K=0.15, P=0.001), indicando que as espécies são menos similares do que o esperado pelo modelo de evolução browniano. Entretanto, o sinal filogenético para o tamanho da escápula e da pélvis foi um pouco maior (K=0.34, P=0.001 e K=0.50, P=0.001, respectivamente), demonstrando que tamanho pode estar mais estruturado na filogenia do que a forma. Ainda, os dois principais eixos do filomorfoespaço explicaram 71% da variação total da forma da escápula e 63% da variação total da forma da pélvis, separando principalmente espécies de hábito locomotor fossorial e arborícola em ambas as estruturas. A partir desses resultados foi possível entender como o hábito locomotor influencia no fenótipo das espécies, e concluir que hábitos mais especializados como escavar túneis e escalar em árvores parecem exercer uma pressão maior na variação morfológica da escápula e da pélvis das espécies de roedores Hystricomorfos. Entender o papel da ecologia e da história evolutiva de diferentes linhagens é fundamental para compreender a disparidade fenotípica apresentada pelas espécies, questão que é central no estudo de biologia evolutiva e no estuda das adaptações.

Financiamento:

CAPES, CAPES-Print, CNPq, FAPERGS, Field Museum, Society of the Study of Evolution

Área

Evolução

Autores

Luiza Flores Gasparetto, Bruno Grassi Simionovschi, Bruce Patterson, Renan Maestri, Thales Renato Ochotorena Freitas