11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

EVOLUÇAO MORFOLOGICA DA MANDIBULA DE ROEDORES CTENOHYSTRICA

Resumo:

Convergências fenotípicas podem ser descritas sempre que espécies distantes filogeneticamente evoluem para morfologias semelhantes, dado uma mesma pressão de seleção. A hipótese de oportunidade ecológica é muito utilizada para explicar a origem das adaptações, principalmente quando a radiação origina um grande número de espécies. Infere-se que a seleção natural divergente atue durante um processo de diversificação quando existe uma alta correlação entre o fenotípico e o ambiente. Ctenohystrica é uma das três maiores linhagens de roedores, e compreende cerca de 13% das espécies viventes. Esse grupo apresenta uma longa história evolutiva, tendo se originado na África há 45 milhões de anos, e colonizado a América do Sul através de uma dispersão transatlântica. A partir dessa separação, o grupo sofreu radiações independentes em diferentes continentes, originando aproximadamente 300 espécies viventes, sem considerar o amplo registro fossilífero. Esses roedores apresentam grande disparidade ecomorfológica, apresentam distintos hábitos de vida, que podem variar de espécies arborícolas, terrestres, fossoriais e até semi-aquáticas, e apesar de serem na sua maioria herbívoros, apresentam diferentes dietas, sendo classificados como frugívoros, folívoros, granívoros ou onívoros. Esses atributos tornam Ctenohystrica um grupo interessante para investigar radiações continentais, a extensão de convergências ecológicas e restrições filogenéticas em moldar a morfologia das espécies. Este trabalho se propôs a investigar os padrões de convergência fenotípica apresentados por roedores Ctenohystrica, durante as radiações que ocorreram no novo e no velho mundo, através da variação morfológica da mandíbula, e ainda relacionar essa variação com atributos ecológicos (hábito de vida e dieta) e com a história evolutiva do grupo. Para isso, fotografamos imagens da vista lateral da mandíbula de 2430 indivíduos, que correspondem a 186 espécies, abrangendo todas as famílias e aproximadamente 90% dos gêneros de roedores Ctenohystrica. As coletas são provenientes principalmente da coleção científica do Field Museum of Natural History (Chicago, EUA), mas também de diversas coleções nacionais e internacionais. Utilizamos métodos de morfometria geométrica para acessar a forma e o tamanho das mandíbulas, e métodos filogenéticos comparativos para calcular o sinal filogenético e investigar a relação da morfologia com a ecologia e história evolutiva através do gráfico do filomorfoespaço. Ainda, testamos o grau de convergência fenotípica entre as espécies através de índices de convergência. Resultados preliminares indicaram um baixo sinal filogenético tanto para a forma (K=0.28, P=0.001) quanto para o tamanho (K=0.30, P=0.001) da mandíbula, demonstrando que as espécies são menos similares do que o esperado pelo modelo browniano de evolução. Ainda, os dois principais eixos do filomorfoespaço explicaram 45% da variação da forma, separando principalmente roedores de hábitos fossorial e arborícola de espécies terrestres, escansoriais e semi-aquáticas, e separando também espécies que se alimentam principalmente de tubérculos e raízes abaixo do solo das demais dietas. Os quatro índices de convergência (C1, C2, C3 e C4) foram significativos. Entender o papel das adaptações em uma radiação nos permite inferir quanto de seleção natural divergente esteve presente no processo de diversificação de uma linhagem, dessa forma, pretendemos ainda incluir a investigação da morfologia do crânio para melhor compreender a evolução fenotípica de roedores Ctenohystrica.

Financiamento:

CAPES, CAPES-Print, CNPq, FAPERGS, Field Museum, Society of the Study of Evolution

Área

Evolução

Autores

Luiza Flores Gasparetto, Eduardo Bauermann Fonteles, Bruce Patterson, Renan Maestri, Thales Renato Ochotorena Freitas