11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

DESCRIÇAO DA MORFOLOGIA PENIANA DE PEROPTERYX KAPPLERI W. PETERS 1867 (CHIROPTERA, EMBALLONURIDAE)

Resumo:

A glande peniana e as estruturas associadas ao trato reprodutivo masculino estão entre as estruturas morfológicas mais complexas, diversificadas e de rápida evolução em muitos grupos de mamíferos, exibindo diferenças consideráveis mesmo entre espécies intimamente relacionadas. A conspícua variabilidade interespecífica da genitália dos mamíferos vem sendo historicamente empregada em estudos taxonômicos de roedores e primatas e, mais recentemente, tem sido explorada para os morcegos, se mostrado uma ferramenta filogenética útil principalmente para o reconhecimento e diagnose de espécies crípticas. Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo descrever a morfologia peniana de Peropteryx kappleri, buscando a identificação de caracteres que possam ser utilizados na taxonomia do gênero Peropteryx. Foram removidos, preparados e analisados por microscopia eletrônica de varredura (MEV) os pênis de sete espécimes depositados em museus do Brasil (CMARF 638, UFMG 4612) e da Colômbia (ROM 68026, ROM 68040, ROM 69055, ROM 69857, ROM 69870). A morfologia peniana dos sete exemplares examinados foi muito semelhante entre si. O pênis é dividido em corpo, glande e prepúcio, e a glande pode ser classificada em pequena e simples, com prepúcio denso e vascular, ou alongada e complexa, com um prepúcio fino e retrátil. Os embalonurídeos apresentam o primeiro tipo de glande, sendo que em P. kappleri ela é pequena, robusta, pendular e em forma de bastonete, achatada dorsoventralmente. Nos sete exemplares analisados de P. kappleri, o comprimento médio da glande foi de 1.21 mm (1.05 – 1.54 mm) e a largura constante ao longo de todo o comprimento (média da largura basal 0,65 mm e da largura mediana 0,63 mm) com a extremidade distal afunilada (média da largura distal 0,47 mm). Não foram observados sulcos longitudinais proeminentes ao longo da glande, apenas sutis. Na porção distal foi possível observar o capuz uretral que forma uma borda proeminente. A abertura uretral consiste em uma fenda terminal e transversal entre os lobos mediais. A superfície da glande de P. kappleri é coberta por projeções dérmicas ao longo de todo seu comprimento, estando ausentes apenas na extremidade mais distal. Essas projeções são pequenos espinhos epiteliais queratinizados, recurvados no sentido distal-proximal, de aproximadamente 0,06 mm de comprimento. A função dessas projeções ainda não foi estabelecida, mas estudos conduzidos em outras espécies de mamíferos sugerem que essas estruturas possam estar relacionadas no auxílio da intromissão, ejaculações múltiplas, retirada de plugs de coitos anteriores, dentre outras. A descrição aqui apresentada é um trabalho pioneiro para Emballonuridae, ampliando o conhecimento sobre a morfologia reprodutiva de Chiroptera e pode auxiliar no levantamento de caracteres a serem implementados em estudos taxonômicos e filogenéticos.

Palavras-chave:
Diclidurini, Taxonomia, estruturas reprodutivas.

Financiamento:

ROM, CAPES, CNPq, FAPEMIG, IABS-VALE

Área

Anatomia e Morfologia

Autores

Clara d'Ávila Freitas, Fred Victor de Oliveira, Fernando Araújo Perini, Ligiane Moraes, Burton K. Lim, Maria Clara do Nascimento