11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

USO DA PAISAGEM POR MAMIFEROS DE MEDIO E GRANDE PORTE EM UM MOSAICO DE FLORESTA NATIVA E PLANTADA (PINUS E EUCALIPTO) NO DOMINIO DA MATA ATLANTICA, PARANA, BRASIL.

Resumo:

O Brasil se destaca como importante produtor de celulose e busca expandir sua produção aliada a práticas de manejo responsável que contribuem com a conservação da biodiversidade. O estado do Paraná conta com 1,01 milhões de hectares florestados por pínus e eucalipto, representando 11% dos plantios brasileiros. Dentro desse cenário, a base florestal da Klabin S. A., unidade Telêmaco Borba, possui cerca de 422 mil hectares distribuídos no estado e realiza monitoramentos de fauna e flora em remanescentes de vegetação nativa de interesse conservacionista. O presente estudo avaliou o uso da paisagem por mamíferos de médio e grande porte em um mosaico composto por silvicultura (talhões de eucalipto e pínus) e fragmentos florestais de Mata Atlântica. Para tanto, foram considerados 11 anos consecutivos de amostragem realizados na Fazenda Monte Alegre, propriedade da Klabin S. A., localizada no município de Telêmaco Borba, estado do Paraná (50°30'26.436"W e 24°14'28.902"S). As amostragens foram realizadas por meio do armadilhamento fotográfico, sendo empregadas 32 câmeras-traps, distribuídas em áreas de silvicultura e vegetação nativa, por um período de cinco noites consecutivas, totalizando um esforço amostral de 42240 armadilhas-hora. Os registros da mesma espécie foram contabilizados quando separados pelo intervalo mínimo de uma hora. Para as análises de comunidade foram utilizadas todas as espécies registradas, já para as análises de uso do solo, apenas táxons que obtiveram 10 registros ou mais. Os resultados foram avaliados de acordo com o teste de médias não paramétrico Kruskal-Wallis e ponderado conforme o esforço amostral utilizado em cada tipo de ambiente. O resultado obtido foi de 26 espécies e 485 registros, sendo 22 e 222 para vegetação nativa e 21 e 263 para silvicultura, respectivamente. Não houve diferença significativa para riqueza e abundância entre esses ambientes. Em relação ao uso do solo, 15 espécies foram analisadas e seis resultaram em diferença estatística significativa, dentre as quais a paca Cuniculus paca (H=6,40; p=0,002) foi exclusiva da vegetação nativa e, para a silvicultura, o lobo-guará Chrysocyon brachyurus (H=4,69; p=0,005). Três situações puderam ser observadas: i) espécies que utilizaram em maior porcentagem a vegetação nativa, como a cutia Dasyprocta azarae (H=3,38; p=0,03), irara Eira barbara (H=5,58; p=0,01), tatu-galinha Dasypus novemcinctus (h=7,97; p=0,003); ii) espécies que não apresentaram preferência de uso, como o tamanduá-mirim Tamandua tetradactyla (h=0,67; p=0,31), jaguatirica Leopardus pardalis (H=1,64; p=0,16) e cachorro-do-mato Cerdocyon thous (H=0,05; p=0,81); e iii) espécies que apresentaram maior número de registros na silvicultura, como veado-catingueiro Mazama gouazoubira (H=7,42 p=0,005). Dessa forma, é possível deduzir que os locais de silvicultura complementam a área de vida da maioria das espécies, ou então, possibilitam certa permeabilidade da paisagem dessas pela silvicultura. Conclui-se que boas práticas de manejo em plantios florestais, associadas à manutenção da vegetação nativa do entorno, contribuem para a conservação das populações de mamíferos nesses locais.
Palavras-chave: Monte Alegre, conservação, biodiversidade, silvicultura, mastofauna

Financiamento:

Área

Conservação

Autores

Thainá Cassola Carrero, Daniel Henrique Homem, João Carlos Zecchini Gebin, Fábio Luiz Gama Goes