11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

Avaliando a detecção de uma espécie rara a partir do DNA ambiental e comparando com registros de armadilhas fotográficas.

Resumo:

O levantamento de espécies a partir do DNA obtido de amostras ambientais (eDNA – environmental DNA) tem avançado como uma nova metodologia para detecção de mamíferos. A água, por conter excreções dos animais, epitélio e outras fontes de material genético, é potencial amostra para eDNA. Utilizando marcadores espécie-específicos e técnicas de PCR em tempo real (RT-PCR), o DNA ambiental permite a detecção de espécies raras, pois mesmo a partir de poucas cópias do DNA é possível identificar sua presença. Considerando a ausência de trabalhos na região neotropical, nosso objetivo foi avaliar a detecção de uma espécie rara, a onça-pintada (Panthera onca), a partir de eDNA de amostras de água, onde sua presença já havia sido detectada a partir do registro de armadilhas fotográficas, no Parque Estadual de Terra Ronca (PETeR), em Goiás. Nós coletamos um litro de água em 17 pontos amostrais, que incluíam poças, águas correntes e água dos lagos em veredas. A água foi filtrada em filtro de membrana de vidro (1,5 micrometro), e os filtros armazenados em sílica. A partir do DNA extraído dos filtros, amplificamos em RT-PCR uma região do gene ATP6, utilizando primers específicos para P. onca. Amostras de água com DNA de P. onca diluído em diferentes concentrações foram utilizadas como controle. Para comparação, foram utilizados dados de levantamento utilizando armadilhas fotográficas, com um esforço acumulado de 95 dias de coleta, distribuídos em 65 armadilhas, onde foram obtidos seis registros fotográficos de P. onca em 5 armadilhas, totalizando 0,001 registros por câmera-dia. Os registros fotográficos da P. onca estiveram de 110 a 4900 m (em média 2245 m) distantes do ponto mais próximo de coleta de amostra de água. O registro mais próximo do período de coleta de água foi 29 dias antes. Enquanto o DNA de P. onca foi detectado nas amostras controle, sua presença não foi detectada em amostras de água coletadas no ambiente, embora alguns pontos de coleta estivessem próximos a registros fotográficos. A ausência de detecção pode ser explicada por diferentes fatores, tais como o tempo decorrente entre a deposição do material genético e a coleta de amostras de eDNA, a baixa densidade e baixa intensidade de uso da área pela espécie. O aumento do esforço amostral por repetições temporais poderia aumentar a proximidade temporal entre a passagem do animal e a coleta, aumentando as chances de coleta de DNA da espécie para detecção em RT-PCR. Além disso, com a maior disponibilidade de recursos de água em regiões tropicais, o material depositado possivelmente estaria mais diluído do que em regiões áridas, onde há maior chance de reuso de um corpo d’água. Aumentar o volume filtrado por ponto amostral poderia aumentar o sucesso de captura do DNA. Com nossos resultados, reforçamos a importância da associação das metodologias de levantamento, ponderando as vantagens e limitações de cada método. O ajuste e ampliação do uso do eDNA para levantamentos de espécies poderá otimizar o esforço de coleta por armadilhamento fotográfico na busca por espécies raras. Palavras-chave: eDNA, esforço amostral, onça-pintada, Panthera onca.

Financiamento:

PEER (PARTNERSHIPS FOR ENHANCED ENGAGEMENT IN RESEARCH, USA)Projeto 9-326

Área

Conservação

Autores

Carla Cristina Gestich, Bruno Henrique Saranholi, Jose Manuel Vieira Fragoso, Gonzalo Barquero, Ennio Painkow Neto, Pedro Manoel Galetti Jr