11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

INDICES ACUSTICOS SAO PREDITORES DA DIVERSIDADE DE MORCEGOS NO CERRADO?

Resumo:

Para alguns grupos de animais, como morcegos insetívoros neotropicais, os métodos mais comuns de amostragem envolvem registros acústicos que além de demandar muito tempo para a identificação das espécies, são limitadas pela falta de conhecimento quando considerada a grande diversidade biológica existente. Nesse contexto o uso de métodos indiretos e automatizados, como índices acústicos, pode ser uma boa opção, para amostrar a diversidade biológica de morcegos insetívoros em curto espaço de tempo. Esses índices refletem as variações nos espectros espaciais e temporal das frequências dos chamados de ecolocalização emitidos pelos morcegos que podem estar associados a diferentes espécies. Assim, maiores variações das frequências no espeço ou no tempo devem refletir uma maior biodiversidade de espécies de morcegos insetívoros. Nosso objetivo é avaliar se índices acústicos podem ser usados como preditores de diferentes métricas de diversidade para morcegos insetívoros do cerrado. Nós conduzimos os estudos em 30 pontos distribuídos em três áreas protegidas do cerrado brasileiro. Em cada ponto foi instalado um gravador de ultrassom Song Meter SM2Bat (Wildlife Acoustics, Maynard, MA, USA). As gravações foram conduzidas por três minutos com dois de intervalo, durante 12 horas entre o por e o nascer do sol. Cada local foi amostrado por duas noites com um intervalo de um mês. Nos analisamos os arquivos de áudio com o programa Avisoft-SASLab Pro version 5.2 e identificamos os morcegos pela análise dos passes no espectrograma. A diversidade taxonômica de cada ponto foi o número de espécies registradas, nós calculamos a diversidade funcional morfológica, baseada na dissimilaridade de medidas cranianas obtidas na literatura, a diversidade funcional acústica foi baseada na dissimilaridade de atributos acústicos obtidos em nossas gravações e a diversidade filogenética baseada nas distancias filogenéticas entre as espécies. Nós testamos o Índice Bioacústico (BI), o Índice de entropia Acústica (H), o Índice de Diversidade acústica (ADI), o Índice de Equitabilidade Acústica (AEI) e o Índice de Complexidade Acústica (ACI). Nós usamos modelos lineares generalizados para testar se os diferentes índices eram preditores aceitáveis das métricas de diversidade e ordenamos os modelos através do critério de informação Akaike (AIC). O Índice H foi o melhor preditor da riqueza de espécies e da diversidade filogenética de morcegos insetívoros. O Índice H também representou o menor valor de AIC como preditor da diversidade funcional acústica, porém o efeito não foi significativo (p>0.05). O melhor preditor para a diversidade funcional morfológica foi o ACI. Nossos resultados indicam que o uso de índices acústicos é valido como uma abordagem rápida para o levantamento de biodiversidade de morcegos insetívoros no cerrado. Entre diferentes índices H e ACI tem o melhor potencial preditivo. Destacamos, porém, que os índices não se mostraram bons preditores da diversidade funcional acústica. No nosso conhecimento esse é o primeiro estudo que testa o potencial de diferentes índices acústicos como preditores de diversidade de morcegos insetívoros.
Palavras-chave: Chiroptera; bioacústica; phylogenetic diversity; functional diversity; taxonomic diversity

Financiamento:

This work was supported by the PPBIO-CNPq trough the project PELD/AGCV #307303/2017-9;
CNPq personal research grant to LMSA # 304989/2019-3 and RBM # 304221/2019-8; and FAPDF
[process # 00193.00001525/2019-24].

Área

Ecologia

Autores

Maurício Silveira, Claysson Aguiar Silva, Ricardo B Machado, Ludmilla M S Aguiar