11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

ESTA SEGURO AQUI? ATIVIDADE E SOBREPOSIÇAO TEMPORAL DE TAMANDUA-BANDEIRA E SEUS POTENCIAIS PREDADORES EM UMA AREA DE PROTEÇAO

Resumo:

O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758) é considerado como um mamífero vulnerável à extinção pela IUCN. Entre as ameaças identificadas para a espécie encontram-se redução de hábitat, atropelamentos, caça e encontro com cães. Para obter ações efetivas de conservação, é imprescindível monitorar as populações e compreender como elas respondem aos impactos naturais e antrópicos. Assim, nosso objetivo foi analisar o padrão de atividade do tamanduá-bandeira em uma unidade de conservação inserida em uma matriz antrópica. Para avaliar as possíveis ameaças à permanência da espécie na área, calculamos a sobreposição da atividade do tamanduá com o período de atividade da onça-parda, humanos e cachorros-domésticos (principais ameaças locais), com armadilhas fotográficas (AF) distribuídas ao longo de 57 pontos, com distância mínima de 1 km² entre elas. As AF permaneceram ligadas durante 24 horas por 30 dias consecutivos. A amostragem foi realizada nas estações chuvosa e seca dos anos de 2020 e 2021, para avaliar se a sazonalidade influencia o padrão temporal das espécies. Para a independência dos dados, foram considerados apenas os registros com intervalos maiores que 1 hora entre as fotos. O estudo foi desenvolvido no Parque Nacional de Brasília, que é uma área protegida de Cerrado imersa em uma matriz antropogênica. Os padrões de atividade e o teste de uniformidade de Rayleigh foram avaliados com o pacote circular. A estimativa de sobreposição entre as estações e espécies foi calculada utilizando o pacote overlap. Foram obtidos, com esforço amostral de 6.840 câmeras-dias, 356 registros, sendo 145 de tamanduá-bandeira, 138 de humanos, 49 de cachorros-domésticos e 24 de onça-parda. Os humanos registrados na UC eram tanto invasores (ciclistas, caçadores, moradores) quanto autorizados (pesquisadores e funcionários). Durante a seca, o tamanduá mostrou um padrão temporal noturno e crepuscular, com um pico de atividade às 20:00h e outro menor às 01:00h. Enquanto no período chuvoso apresentaram atividade vespertina e noturna, com pico às 15:00h e 17:00h. Os cães domésticos e os humanos mostraram atividade majoritariamente diurna em ambas as estações. A onça-parda apresentou atividade concentrada da 00:00h até 12:00h durante a seca, e na chuva a atividade foi oposta, com um pico às 14:00h e outro às 21:00h. Durante o período de chuva, o tamanduá-bandeira iniciou a atividade mais cedo (entardecer) se comparada com a seca. Esse comportamento influencia no aumento da sobreposição da atividade do tamanduá com onça-parda (Δ= 0.73), cachorro (Δ=0.46) e humanos (Δ= 0.51). Apesar dos baixos valores de sobreposição, é possível observar um crescimento na frequência de registros a tarde, aumentando a probabilidade de encontros, bem diferente da distribuição de densidade da seca. Esses resultados evidenciam que durante o período chuvoso o tamanduá possui maior chance de encontros agonístico com possíveis predadores, encontrando-se mais vulnerável. Estratégias de manejo devem considerar o comportamento da espécie e dos invasores em especial no período vespertino. Esses dados são cruciais para a conservação da espécie no parque. Palavras-chave: Armadilha fotográfica, Impacto antrópico, Sazonalidade, Unidade de Conservação, Xenarthra.

Financiamento:

The Rufford Foundation, Idea Wild, CAPES, CNPq

Área

Ecologia

Autores

Priscilla Braga Petrazzini, Ludmilla Moura de Souza Aguiar