11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

DESVENDANDO OS SEGREDOS DAS ONÇAS-PINTADAS (PANTHERA ONCA): DEMOGRAFIA E ESTRATEGIAS DE ACASALAMENTO NO PANTANAL, BRASIL

Resumo:

Este é o primeiro estudo de longo prazo de características demográficas sólidas que envolvem acasalamentos, nascimentos, tamanhos de ninhada, intervalo entre ninhadas, idade de independência dos filhotes, dispersão, maturidade sexual e sucesso reprodutivo ao longo da vida. Além disso, pretende-se contribuir com informações relacionadas ao comportamento reprodutivo e agressividade intraespecífica em uma população selvagem de onças-pintadas (Panthera onca) no Pantanal. Os dados foram coletados entre 2011 e 2020 por meio de uma combinação de observações diretas, armadilhamentos fotográficos e monitoramento via colares GPS/VHF. A área de estudo foi o Refúgio Ecológico Caiman, situado entre Miranda e Aquidauana (MS), Brasil, que possui 530 km2 e concilia atividades de turismo de observação de vida selvagem e pecuária. A densidade de onças-pintadas na região foi previamente estimada em 6.5–7.0 indivíduos por 100 km2. Registramos dois picos de nascimento: abril/maio e outubro/novembro, que são o final e o início da estação chuvosa no Pantanal, respectivamente. O tamanho médio da ninhada foi 1.43 ± 0.65. Filhotes únicos representaram um total de 65.7% dos nascimentos, e encontramos uma ligeira predominância de fêmeas (proporção 1.15: 1) nas ninhadas. A idade média de independência foi de 17.6 ± 0.98 meses, com uma dispersão sexo-assimétrica, com todos os machos (n = 27) deixando a área natal e 63.6% das fêmeas apresentando filopatria. O intervalo entre ninhadas foi de 21.8 ± 3.2 meses e a idade média da primeira cria foi de 31.8 ± 4.2 meses. Nossos resultados estimaram um sucesso reprodutivo médio de 8.13 filhotes ao longo da vida para as fêmeas de onças-pintadas. Nossas observações também indicam que as onças-pintadas fêmeas podem apresentar comportamento de acasalamento durante a criação dos filhotes ou da gestação, representando 41.4% das cortes e cópulas registradas. Especulamos que esse comportamento tenha evoluído como uma defesa contra infanticídio e danos físicos à fêmea. Todas as interações agressivas entre fêmeas envolveram a presença de filhotes, seguindo a hipótese de defesa da prole, que levam à territorialidade entre fêmeas em mamíferos, independentemente da disponibilidade de alimento. Diante das crescentes ameaças a este predador de topo, este trabalho revela vários aspectos de sua história natural, representando uma base de comparação com pesquisas futuras e fornecendo informações críticas para a análise de viabilidade populacional e planejamento de conservação em longo prazo.

Palavras-chave: comportamento, planejamento de conservação, demografia, infanticídio, Pantanal, Panthera onca, dinâmica populacional, reprodução

Financiamento:

Bank of America, Log Nature e Bushnell Corporation

Área

Conservação

Autores

Carlos Eduardo Fragoso, Lilian Elaine Rampim, Howard Quigley, Mario Buhrke Haberfeld, Wellyngton Ayala Espíndola, Valquíria Cabral Araújo, Leonardo Rodrigues Sartorello, Joares Adenilson May-Júnior