11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

O QUE DIZ A GENETICA E A MORFOLOGIA SOBRE OS MORCEGOS DO GENERO TRACHOPS GRAY, 1847 (CHIROPTERA, PHYLLOSTOMIDAE, PHYLLOSTOMINAE) DE OCORRENCIA EM FRAGMENTOS DO CERRADO MARANHENSE, BRASIL

Resumo:

O gênero Trachops Gray, 1847 é monotípico e inclui apenas a espécie de morcego Trachops cirrhosus (Spix, 1823). Espécie onívora que ocorre em diferentes biomas e habitats, geralmente associada a ambientes com baixos níveis de distúrbio ambiental. Estudos utilizando dados genéticos questionaram a possibilidade de T. cirrhosus compreender mais de uma espécie válida. Atualmente são reconhecidas três subespécies: Trachops cirrhosus coffini (Goldman, 1925) que ocorre do México à Nicarágua, Trachops cirrhosus ehrhardti Felten, 1956, ocorrendo na porção sul do Brasil e Bolívia e Trachops cirrhosus cirrhosus (Spix, 1823) da Costa Rica ao nordeste brasileiro. Objetivou-se neste estudo caracterizar pela morfologia e genética os morcegos do gênero Trachops de ocorrência em um fragmento do Cerrado no leste maranhense, Brasil. A coleta foi realizada na Área de Proteção Ambiental (APA) Municipal do Inhamum, Caxias/MA. A identificação morfológica foi com base em caracteres externos e medidas moformétricas seguindo a literatura. A partir do DNA amplificou-se o gene COI via PCR e sequenciou-se as amostras. Para análises moleculares utilizou-se os softwares: BIOEDIT, DNAsp, BAPS, jModelTest, BEAST, Tracer, TreeAnnotator e MEGA 11. Foram coletados cinco machos e duas fêmeas, os espécimes apresentaram múltiplas verrugas ao redor dos lábios e folha nasal serrilhada nas bordas, pelagem longa e felpuda acinzentada. As fêmeas apresentaram antebraço variando de 59-62mm; cauda de 16mm e 21mm; orelha de 31mm e 35mm; pé de 16mm e massa corporal de 33g. Para os machos as variações foram: antebraço de 60-63,22mm; cauda de 17-21mm; orelha de 22,36-33mm; pé de 13-17mm e massa corporal de 29-34g. Para as análises genéticas o banco de dados foi constituído de 166 sequências com 657 pares de bases resultando em 29 haplótipos, sendo cinco sequências de espécimes do presente estudo e as demais do Genbank para as localidades: Guiana, Suriname, Equador, Guatemala, México, Venezuela, Panamá e Guiana Francesa. A análise Bayesiana de estrutura genética das populações (BAPS) evidenciou cinco clusters, são eles: o cluster formado por espécimes do presente estudo e da Guiana; outro com espécimes do México, Guatemala e Panamá. Os espécimes do Suriname formaram dois agrupamentos gênicos um com espécimes da Guiana e outro com Guiana Francesa, enquanto os espécimes da Venezuela agruparam com Equador. A matriz de divergência genética evidenciou uma unidade taxonômica para os espécimes deste estudo (variação de 0 a 1,18%), mas revelou variação intraespecífica alta (3,75 a 9,45%), as maiores divergências foram entre os espécimes deste estudo e espécimes do México, Guatemala e Panamá. As árvores filogenéticas de Máxima Verossimilhança (ML) e Inferência Bayesiana (IB) apresentaram clados fortemente suportados (100 ML/1 IB), sendo que os espécimes do presente estudo apresentaram-se mais relacionados com Trachops c. cirrhosus da Guiana. Os dados genéticos revelaram uma alta divergência, formação de grupos altamente suportados e formação de diferentes clusters para o gênero Trachops, o qual precisa ser mais documentado a nível genético para o Brasil. Considerando a análise morfológica, morfométrica somado ao padrão de distribuição dos haplótipos, divergência genética e filogenia evidenciam que os espécimes de ocorrência no Cerrado maranhense como a subespécie Trachops c. cirrhosus.

Financiamento:

FAPEMA, CAPES, CNPq, UFPA e UEMA.

Área

Sistemática e Taxonomia

Autores

Amanda Cristiny da Silva Lima, Ana Priscila Medeiros Olímpio, Samira Brito Mendes, Walna Micaelle de Moraes Pires, Cleison Luís da Silva Costa, Fábio Henrique de Souza Cardoso, Marxo Santana Guimarães Morais, Elmary da Costa Fraga , Maria Claudene Barros, Iracilda Sampaio