11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

MONITORAMENTO DA INFLUENCIA DO VOLUME DE TRAFEGO NO ATROPELAMENTO DE FAUNA EM RODOVIA NA REGIAO DE ILHEUS, BAHIA

Resumo:

O Sul da Bahia possui os maiores remanescentes de Mata Atlântica do Estado e conta com a presença importante de áreas formadas por sistemas agroflorestais que envolvem o raleamento da floresta nativa para o plantio de cacau (Theobroma cacao) sombreado. Considerado com boa permeabilidade, tal sistema permite a conexão e o deslocamento da fauna entre os fragmentos naturais, auxiliando na manutenção da biodiversidade local. No entanto, este mosaico de paisagens é impactado pela presença de rodovias, que afetam de diferentes maneiras a biodiversidade, especialmente para a fauna silvestre. As rodovias podem atuar como como filtro, resultando em uma maior chance de atropelamentos, e/ou barreira, acarretando no isolamento entre populações e alterações nas comunidades do entorno. Os efeitos das rodovias podem variar entre grupos faunísticos a depender, sobretudo, da capacidade de deslocamento, hábitos alimentares e tamanho da área de vida. Nesse sentido, mamíferos de médio e grande porte, possuem áreas de vida maiores e, maior capacidade de deslocamento e, por isso, podem apresentar incremento nas taxas de atropelamento relacionado ao aumento do fluxo de veículos. O objetivo deste estudo é caracterizar a fauna atropelada na Rodovia BA-262, que conecta os municípios de Ilhéus e Uruçuca, uma rodovia importante para o acesso ao Novo Complexo Portuário do Porto Sul, que será responsável por escoar o minério de ferro proveniente do interior do Estado da Bahia. Foi avaliada a relação entre as taxas de atropelamento e o Volume Médio Diário de Carros (VMDC), verificando a ocorrência de variação entre os grupos encontrados. Foram monitorados 20 km da rodovia, durante seis meses, em campanhas mensais de cinco dias consecutivos, totalizando 30 dias amostrais. O monitoramento dos animais atropelados foi realizado em veículo à 40km/h, e a pé, com quatro trechos aleatorizados de 500 m. Para o monitoramento do fluxo de veículos, foi utilizada uma câmera trap posicionada à 45º próxima à borda da rodovia. Durante o período amostrado, foram registrados 266 vertebrados atropelados dentre mamíferos (9,77%), répteis (17,67%), aves (8,65%), anfíbios (46,62%) e animais não identificados (17,29%) devido ao estado da carcaça. O VMDC foi de 1.844 veículos/dia, com flutuações durante o período amostrado, sendo o período vespertino o de maior fluxo. A taxa de atropelamento geral foi de 0,29 ind./km/dia. Para mamíferos, a taxa de atropelamento para correspondeu à 0,043ind/km/dia, e a espécie mais afetada foi cachorro-do-mato (Cerdocyon thous). A análise dos resultados sugere que há relação significativa entre a taxa de atropelamento de mamíferos e o aumento do fluxo de veículos na rodovia, em relação ao período de ápice do VDM (vespertino). Futuramente, é esperado que, em atendimento às demandas do Porto, o viário em questão sofra alterações estruturais e passe a ter um volume de tráfego maior. Por esse motivo, monitorar os atropelamentos e o VDM da rodovia, previamente a qualquer alteração estrutural, é essencial para embasar posteriores decisões de medidas de mitigação dos impactos.

Financiamento:

FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DA BAHIA - FAPESB

Área

Ecologia

Autores

Ana Rúbia Schmitt Rossi, Fernanda Delborgo Abra, Ricardo Siqueira Bovendorp