11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

VARIAÇAO VERTICAL NOS PADROES DE INTERAÇOES ENTRE MORCEGOS FRUGIVOROS (CHIROPTERA: PHYLLOSTOMIDAE) E PLANTAS EM AMBIENTE DE MATA ATLANTICA NO SUL DO BRASIL

Resumo:

O conhecimento sobre as redes de interações entre morcegos e plantas em florestas tropicais está restrito a dados coletados no sub-bosque. Neste contexto, buscamos analisar as convergências e divergências na estrutura das redes de interações entre morcegos e plantas em três estratos florestais. Realizamos o estudo na RPPN Salto Morato, localizada no litoral norte do estado do Paraná, bioma Mata Atlântica. Em cada noite (n=63), foram instaladas 18 redes, seis em cada estrato florestal (sub-bosque; sub-dossel e dossel). Para determinação das interações, coletamos amostras de fezes dos animais capturados, sendo as sementes triadas e identificadas. Para analisar se há variação vertical na estrutura das redes, construímos matrizes ponderadas para cada estrato e posteriormente para três estratos unificados. Para descrever a estrutura das redes utilizamos: riqueza de morcegos e plantas, número de interações, especialização (H2’), aninhamento (NODF) e modularidade (Q). Também avaliamos métricas em nível de espécie: grau normalizado, especialização (d’) e força das espécies. Para comparar a distribuição das métricas em nível de espécie entre os estratos, utilizamos ANOVA e Kruskal-Wallis. Para avaliar a completude da amostragem, utilizamos o estimador Chao1. Para avaliar se existe diferença de interações entre os estratos, calculamos a diversidade beta de interações. Registramos 31 interações entre nove espécies de morcegos e 17 morfotipos botânicos no dossel (completude amostral de 28,70%); 46 interações entre nove espécies de morcegos e 20 morfotipos botânicos (completude de 47,70%) no sub-dossel e; 58 interações entre oito espécies de morcegos e 27 morfotipos de botânicos (completude de 73,42%) no sub-bosque. Já na matriz combinada entre estratos, registramos 89 interações entre nove espécies de morcegos e 37 morfotipos botânicos (completude de 69,53%). A rede do dossel teve maior H2’ (0,41) e Q (0,45), quando comparado ao sub-dossel (H2’=0,29; Q=0,36) e sub-bosque (H2’=0,23; Q=0,30). A rede do sub-bosque apresentou maior NODF (40,13) quando comparado ao dossel (16,25) e sub-dossel (22,08). A rede unificada apresentou valores intermediários de H2’ (0,26), Q (0,37) e NODF (32,02). Dentre as interações observadas (N=89), 53,45% foram exclusivas ao dossel e sub-dossel. Para composição, nove morfotipos botânicos e uma espécie de morcego (Vampyressa pusilla), diferiram entre os três estratos, o que corresponde a 33,33% e 11,11% da riqueza dos grupos, respectivamente. Para a diversidade beta de interações, os estratos superiores (dossel/sub-dossel) apresentaram menor dissimilaridade (0,67), quando comparados ao estrato inferior (dossel/sub-bosque=0,78; sub-dossel/sub-bosque=0,72). Para métricas em nível de espécie, o estrato não afetou o grau normalizado dos morcegos (χ2=0,47, p>0,92), especialização (d ') (F=0,04, p>0,95) e força da espécie (χ2=0,83, p>0,84). Entretanto, para as plantas, o estrato afetou o grau normalizado (χ2=9,73, p<0,02); especialização (d ') (χ2=14,62, p<0,01) e a força da espécie (χ2=13,36, p<0,01). Amostragens restritas ao sub-bosque representam apenas uma parcela das interações entre morcegos e plantas em uma floresta. Essa característica deve-se a diferenças no uso dos estratos pelos morcegos e a especialização alimentar das espécies. Portanto, estudos futuros em florestas tropicais, deverão considerar todos os estratos florestais para detectar e quantificar padrões de interações mais realistas e revelar seus processos subjacentes.

Palavras-chave: frugivoria, Chiroptera, estratificação vertical.

Financiamento:

Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

Área

Ecologia

Autores

Karolaine Porto Supi, Daniela Bollâ, Thais Bastos Zanata, Fernando Carvalho